
Uma carreata de caminhoneiros na BR-116, neste sábado, 30, movimentou a região do Atuba, na Linha Verde. Segundo as informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF-PR), os caminhoneiros trafegam por uma das faixas, sem obstruir o trânsito, do bairro Tatuquara até o trevo do Atuba. A ação faz parte de uma manifestação para chamar a atenção do governo e, segundo as informações de dirigentes da categoria, até o momento não há intenção de novas paralisações, a exemplo da ocorrida em maio do ano passado.
A carreata estava prevista para acontecer a partir das 8h30 na Linha Verde, em Curitiba, mas foi realizada entre às 11h30 e 13 horas. “Queremos sentar com o governo e trabalhar em cima das leis que já existem e que não estão sendo cumpridas, como o piso dos fretes e a lei do vale-pedágio. Coisas como o cartão caminhoneiro é pro futuro ainda, e não vai ajudar a diminuir o aumento preço do diesel”, disse em entrevista à Folhapress;
Com a escalada dos preços internacionais do petróleo, o preço do diesel nas refinarias já subiu 18,5% em 2019, na comparação com o último valor de 2018. Nas bombas, a alta é menor, de 2,5%, mas o suficiente para alimentar a insatisfação.
O cartão caminhoneiro foi uma das poucas medidas referentes aos caminhoneiros anunciadas na live por Bolsonaro. O cartão, pré-pago, seria uma tentativa de evitar a recomposição do preso do diesel no frete. O motorista “carregaria” previamente uma quantia de combustível no cartão e iria usando esse “crédito” ao longo da sua viagem, sem incidência de reajuste.
Já a chamada lei do vale-pedágio, que prevê isenção de pedágio para transportadores de carga, foi questionada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) no STF (Supremo Tribunal Federal), no ano passado.
Apesar do tom apaziguador adotado pela categoria, o presidente do Sinditac diz que a falta de propostas e prazos concretos de Bolsonaro tem irritado os caminhoneiros, muitos dos quais apoiaram o presidente durante a campanha.
“A fala dele não refrescou nada para a gente, muito pelo contrário. Pessoas que antes não queriam nem parar para fazer carreata agora estão querendo participar. Foi a mesma coisa que jogar gasolina em fogo. Cerca de 90% da categoria acreditou que este seria um governo que cumpriria as leis, mas já se passaram três meses. É muito tempo que estamos esperando por um posicionamento”, diz Plínio.
À Folha de S.Paulo, o caminhoneiro autônomo Wallace Landim, principal liderança que esteve a frente da paralisação da categoria em 2018, disse que, por ora, descarta qualquer tipo de mobilização por parte de caminhoneiros do estado de Goiás, seja greve ou protesto.
Protesto
Houve o protesto também de caminhoneiros fizeram uma paralisação no acostamento no quilômetro 700 da BR-116, em Muriaé, na manhã deste sábado. O tráfego não foi afetado, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais (PRF-MG).
Insatisfeitos com o preço do diesel e denunciando o descumprimento da tabela mínima do frete, eles ameaçam nova greve este ano. “No começo, a tabela do frete estava sendo cumprida, mas agora não está mais”, critica o presidente do Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros, José Natan Emídio Neto.
Segundo ele, o movimento deste sábado é espontâneo. “Não convocamos essa paralisação, mas os caminhoneiros não estão aguentando mais”, diz.
Em 2018, a greve da categoria, que durou dez dias, causou uma corrida aos postos de combustíveis e até mesmo aos supermercados. Na época, entidades que representam o comércio e a indústria revisaram o crescimento do Estado para baixo como reflexo do movimento.
Bem Paraná