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Curitiba: 326 anos de vida com muitas histórias e personagens

Dia 29 de março de 1693. Foi nesse dia que, ao menos oficialmente, começou a ser escrita a historia da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Três séculos depois, a vila virou cidade, em verdade, um dos maiores municípios brasileiros e capital do Paraná. O nome também mudou: é Curitiba, palavra de origem guarani (kur yt yba quer dizer “grande quantidade de pinheiros, pinheiral, em referência à grande quantidade de Araucaria angustifolia, o pinheiro-do-Paraná, presente no território nos primórdios da ocupação humana).

Passados 326 anos, são muitos os personagens que ajudaram a escrever a historia curitibana. Um dos mais destacados, sem dúvida, foi Romário Martins (1874-1948). Historiador, jornalista e político, que ocupou diversos cargos públicos e teve sua vida marcada pela defesa dos interesses de sua terra e sua gente, tendo sido o líder do movimento paranista, que pretendia conferir uma identidade ao estado.

Quando vereador de Curitiba, no começo do século XX, Romário foi o responsável pela sugestão, por meio da lei 169 de 28 de março de 1906, de que o aniversário da Capital fosse celebrado em 29 de março.

A data é uma alusão à primeira eleição da Câmara de Curitiba, ocorrida em 1693 e que aconteceu a pedido da população, que se reuniu na igreja de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais para pedir ao capitão povoador Matheus Leme que fosse instituída alguma forma de justiça na vila para controlar os “desaforos que nela se faziam”. A partir desta data, a Câmara recebia a incumbência de colonizar a região.

Em texto publicado no jornal A República no dia seguinte à publicação da lei, o historiador e jornalista explicou que o processo de fundação da cidade se deu em etapas, sendo que a última delas foi a inauguração da Câmara. Por isso, então, ele preteriu a data de 5 de novembro, referente à ereção do pelourinho de Curitiba, em 1668.

Questões de calendário à parte, Curitiba completa hoje 326 anos de muita história e com muitos personagens. E depois de Romário Martins, você conhece agora alguns dos outros nomes que seguem escrevendo a história de Curitiba.

Personagens da Capital

Terezinha Santos, a mulher da cobra

Todos os dias, uma mesma música ecoa pela Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. “Olha a cobra e borboleta 13, corre hoje”, grita a plenos pulmões Terezinha Leonice Santos, 68. Há 48 anos ela marca presença numa das vias mais movimentadas da cidade, vendendo bilhetes das loterias federal e estadual das 9 às 17 horas.

“Mulher da Cobra, Borboleta 13… Toda a vida me chamaram assim. Ganhei até um anel de cobra de um cliente. São poucos os que me chamam pelo nome”, conta Terezinha, que por oito anos ficou longe das loterias, trabalhando numa ótica na mesma via de sempre. Há quatro anos, porém, voltou à venda de bilhetes. “Os filhos falam para eu parar, mas não dá. A gente se acostuma com o povo, faz amizades. Não pode abandonar isso, aqui é minha 2ª casa e a minha 2ª família.”

Jairo Cunha, o Gaúcho da Ópera

No bairro Abranches, na região da Ópera de Arame, a música é outra. Acompanhado da sanfona e trajes típicos (a famosa bombacha), desde 2001 Jairo Cunha, o Gaúcho da Ópera, encanta os que visitam o Parque das Pedreiras com músicas sertanejas (e, as vezes, também o hino do Grêmio, seu time de coração). O negócio dele, que começou como um bar, hoje é uma parada quase obrigatória para os turistas.

“Nunca imaginei (que faria tanto sucesso). Quando comecei o negócio junto com meu ex-sócio (Atílio Gasparini), tinha dia que eu reclamava que faltava dinheiro para passagem do ônibus. Ele falava para mim que um dia seria diferente, e acabou acertando. Eu fui abençoado”, diz Jair, que pretende trazer novidades aos clientes no próximo ano. “Minha ideia é abrir um restaurante, servir à la carte e um vuffet popular. Estou procurando um parceiro com experiência na área para investir e fazer um bistrô”, conta.

Joseane Pesuschi e a Tabela Periódica Curitibana

Para quem quer presentear com o charme curitibano, as lojas #CuritibaSuaLinda são uma boa pedida. E nos últimos tempos, um dos mais 200 produtos comercializados nos quatro estabelecimentos tem se destacado: é a Tabela Periódica Curitibana.

Criada pela artista plástica Joseane Pesuschi, a tabela traz estampada em canecas o jeito próprio do curitibano falar, com palavras como vina, penal, leite quente, toró e galeto. Em cada “elemento”, além dos termos falados em Curitiba, a data de fundação da cidade e a população.

Vendido a R$ 35, o souvenir já está com estoque praticamente zerado e em breve deve ganhar novos itens. “Já está em projeto uma linha de produtos com a tabela, como mousepad, canetas, porta-copos, camisetas e imã de geladeira”, conta Joseane. “Todas as pessoas olham e lembram de alguma situação. Japona é o que mais comentam, acham muito engraçado”, complementa a artista, cujo trabalho pode ser conferido no site www.bjo.com.br.

Dona Elvira, uma feminista histórica

Dizer que Elvira Wolowska é uma mulher a frente de seu tempo não é exagero. Aos 104 anos, completados no último dia 22 de setembro, a descendente de poloneses causou rebuliço em Curitiba nos idos dos anos 1930.

Numa época em que as universidades eram campo praticamente restrito aos homens, ela ousou ingressar no curso de Odontologia. Tornou-se a primeira mulher a se formar na área no Paraná, em 1938.

Outro momento marcante foi quando, ao lado de uma colega dentista chamada Alina, ela vestiu uma calça comprida e saiu pelas ruas curitibanas. “As pessoas paravam na rua para olhar as duas de calças compridas e diziam coisas horrosas. Porque você não imagina, né? Mulher de calça comprida… Mas eu nem olhava, nós andávamos bem direitinho e nem davámos bola”, recorda.

Plá, o mais famoso artista de rua

Ademir Antunes nasceu no interior de Santa Catarina, na cidade de Campo Belo do Sul, e mudou-se para Curitiba na década de 1970. Quatorze anos depois, começou sua trajetória artística e, em 1987, gravou seu primeiro álbum, registrando o show “Raio de Sol”, no Teatro Paiol. 34 anos depois, já são 60 álbuns gravados e o 61º está sendo finalizado.

Reconhecido no ano passado como cidadão honorário de Curitiba, o artista deu uma palhinha aos vereadores na Câmara Municipal. “Violeiro que é violeiro, que carrega o violão, tem que tocar”, avisou Plá, ao desensacar o instrumento musical e cantar no plenário do Palácio Rio Branco, durante sessão plenária da câmara.

 

 

 

Bem Paraná

 

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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