Com alta de 1,08% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro, Curitiba superou a média nacional (1,01%) e segue no topo do ranking nacional da inflação. No acumulado do ano, a capital paranaense contabiliza variação de 11,31%, contra 9,62% no país. Já nos últimos doze meses, o índice do IBGE fechou em 12,24% – ante 10,48% de média brasileira.
Diante do agravamento da crise econômica, a Tribuna consultou especialistas para saber que medidas o consumidor pode adotar em seu dia a dia para sobreviver neste cenário de reajuste de preços nos mais variados segmentos e fazer seu dinheiro render mais no final do mês (veja o quadro). Atitudes simples, como trocar a marca de um produto no supermercado ou mudar o meio de transporte, podem fazer uma diferença significativa no orçamento familiar.
Vilões
Os preços de alimentação e bebidas subiram 23,69% e puxaram a subida do IPCA curitibano. A capital paranaense também tem a sétima cesta básica mais cara do país, custando R$ 375,26 em novembro, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo o economista e professor da FAE Business School Gilmar Lourenço, os indicadores inflacionários com dois dígitos “refletem aumentos de preços que são sentidos principalmente pelas pessoas que ganham menos, pois corroem a renda e pesam na capacidade de compra das famílias”.
Recessão
“Energia elétrica, transporte, combustíveis e o aumento do dólar elevaram o custo dos produtos vendidos no mercado interno. Hoje, o preço de 90% dos produtos está subindo. A desconfiança e a falta de credibilidade do governo agravam este cenário de inflação e recessão, que não deve mudar até o primeiro semestre de 2016”, acrescenta o economista.
Hiperinflação descartada
Para o economista Gilmar Lourenço, a inflação pode chegar ao patamar de 13% ao ano em março de 2016, mas não deve passar disto. “Os juros elevados fixados pelo Banco Central e a estabilização das tarifas públicas, que não devem ter novos reajustes, apontam esta direção. Mas ao longo dos últimos meses já batemos diversos recordes: entre abril de 2014 e dezembro de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter uma queda de cerca de 8%, isto representa a maior recessão da nossa história. Em 2015, as vendas do comércio varejista já caíram 8% e produção industrial encolheu 7,5%. O desemprego também chama a atenção, somando as pessoas que buscam e aquelas de desistiram, temos cerca de 11 milhões de pessoas sem trabalho”.
Baixo risco
No entanto, apesar dos números e das previsões pouco favoráveis, os economistas afirmam que o retorno da hiperinflação – que assolou o Brasil nas décadas de 80 e 90, com diversas remarcações diárias dos produtos e serviços – é pouco provável. “O risco da hiperinflação nas condições atuais, no curto prazo, é mínimo. Para que ela volte precisaria haver um agravamento da crise. No longo prazo, se a crise política se arrastar por mais de um ano, este risco subiria, por conta da falta de credibilidade do governo”, esclarece o economista e professor Daniel Poit.
PrOn