Mais novo ‘inimigo número 1’ do meio ambiente, os canudinhos plásticos estão, ao que tudo indica, com seus dias contados em Curitiba. Depois de grandes empresas, como o McDonald’s e a Starbucks, deixarem de usar o produto e países como Escócia, Inglaterra e municípios como o Rio de Janeiro também vetarem os canudinhos, a capital paranaense já discute a possibilidade de proibir o uso do apetrecho. E na esteira disso tudo emerge um mercado voltado aos canudinhos ecológicos.
Em Curitiba, uma das empresas atuando na área é a Ecocanudinhos. Fundada no 2º semestre de 2018, a marca, focada 100% em sustentabilidade, lançou oficialmente seus produtos em meados de janeiro, quando deu a largada ao comércio virtual. Estão à venda três tipos de canudo reutilizável — curvado de inox, de vidro e retrátil de inox com silicone.
“Tudo começou no ano passado. Minha noiva é instrutora de Yoga e quando começou essa onda dos canudinhos ela comprou um no Rio de Janeiro. Achei interessante e fui pesquisar sobre o mercado. Aí veio a necessidade de fazer algo que impactasse positivamente o mundo e as pessoas”, explica Thiago Pissaia, de 35 anos, proprietário da marca.
Segundo ele, a expectativa é que sejam vendidos 5 mil itens por mês pela empresa. Além dos canudos, foi desenvolvido também um Eco Copo retrátil, feito de silicone, e uma sacola para ser utilizada como lixo em carros, com o slogan “Evolua e não polua”.
“Vendemos para o Brasil inteiro, principalmente Rio de Janeiro e Nordeste, lugares com praia. Mas está numa pegada de conscientização geral e nossa expectativa é que (o negócio) cresça bastante”, diz o empresário.
Se comprados individualmente, os canudos reutilizáveis custam de R$ 12,90 (curvado de inox) a R$ 49,90 (retrátil de inox com silicone). Além de serem vendidos individualmente, os produtos podem ser encontrados em kits especiais, com preços que variam entre R$ 27,90 e R$ 150,00. Para comprar, basta acessar o site da marca (www.econudinho.com.br). Além disso, quem mora em Curitiba pode retirar os itens direto no escritório da empresa (Rua Itupava, 1402. Mais informações no perfil oficial da marca no Instagram (@econudinho).
Empresa de cookies também se aventura no ramo
Outra marca que entrou no ramo dos canudinhos reutilizáveis é a Cookie Stores. Fundada no começo de 2018 pelas irmãs Camila e Rafaela Camargo, a empresa passou a comercializar recentemente o Kit Ecológico, com o canudo reutilizável de inox, escovinha para limpar e o saquinho de bottons por R$ 40.
“Não é porque trabalhamos com doces e cafés, que não temos impacto sobre a sociedade. Se quisermos mudar o mundo em que estamos, devemos começar por nós e não apenas esperar que as coisas se ajeitem sozinhas”, explica Camila.
Para Rafaela, o novo produto é capaz de mostrar aos consumidores uma proposta de valorização do seu produto. Apesar de custar mais que um canudo convencional, o reutilizável substitui o vilão de plástico e pode ser guardado para sempre.
A Cookie Stories fica na Rua Moysés Marcondes (nº 429), no bairro Juvevê, e funciona de segunda a sexta, das 12 às 19 horas, aos sábados, das 11h30 às 18 horas e nos domingos, das 14 horas às 18h30. Já a Cookie Street fica na Av. Vicente Machado (n° 554), no Centro de Curitiba, e funciona de segunda a sexta, das 8 às 18 horas. Mais informações na página oficial da Cookie Stories no Facebook ou no site www.cookiestories.com.br.
Curitiba já discute a proibição do apetrecho
Além do Rio de Janeiro, pelo menos outros 68 municípios já discutem na Câmara de Vereadores ou aguardam a sanção de prefeitos para proibir a utilização de canudinhos plásticos, segundo levantamento do site Cidades Inteligentes. Uma dessas cidades é Curitiba, numa iniciativa da da vereadora Maria Leticia Fagundes (PV) com emendas dos vereadores Goura (PDT) e Professor Euler (PSD).
A iniciativa, que começou a tramitar em 11 de junho do ano passado e já foi aprovada pela Comissão de Meio Ambiente, pretende obrigar restaurantes, lanchonetes, bares e estabelecimentos similares a ofertar apenas canudos comestíveis ou de papel biodegradável, individual e hermeticamente embalados com material biodegradável. Com a emenda, ainda seria vetado ao Poder Público, a partir de 1º de janeiro de 2020, comprar canudinhos plásticos – exceção feita aos estabelecimentos de saúde.
Obviamente que o tema deve ter longos debates e embates, embora parte do setor já veja com bons olhos a troca por produtos mais sustentáveis.
Por que o produto plástico virou vilão?
É indiscutível a importância do tema poluição ambiental. Mas afinal, por que o canudinho plástico? A verdade aí é que o apelo é mais significativo, simbólico, uma vez que todos hão de concordar que os canudinhos estão longe de ser o principal problema quando o assunto é poluição por plásticos. Só nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 500 milhões de canudos plásticos são utilizados diariamente, de acordo com uma pesquisa do governo. Já uma pesquisa divulgada pela revista Science em 2015 aponta que a humanidade gera anualmente um total de 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos – e um valor entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas chega aos oceanos, que até 2050 terá mais plástico do que peixes, a se manter o ritmo atual.
Assim, o canudo funciona como uma espécie de porta de entrada para discussões mais profundas, servindo ainda para conscientizar a população acerca da importância de se “aposentar” os materiais de uso único, como sacolas e garrafas.
KITS