Descarte incorreto de antibióticos prejudica qualidade da água, diz pesquisa

O descarte incorreto de antibióticos prejudica a qualidade da água na Grande Curitiba. É o que mostra pesquisa da Universidade Positivo (UP), que encontrou traços de medicamentos e hormônios no Rio Passaúna. Em entrevista à Banda B nesta terça-feira (16), a coordenadora da pesquisa, Eliane Carvalho de Vasconcelos, disse que algumas bactérias se tornaram super-resistentes ao longo de um período de 13 anos, o que indica a presença dos antibióticos.

“Começamos a coleta em cinco pontos e analisamos a quantidade de E. coli para, então, verificar a questão da resistência. Das amostras que coletamos ao longo de um ano, tivemos várias que podem indicar a questão dos antibióticos, já que micro-organismos vão ganhando resistência a isso”, explicou a professora da UP.

As pesquisas não indicam o volume do medicamento, mas trazem uma quantidade de cafeína, que é uma substância utilizada em vários medicamentos.

Segundo Eliane, qualquer coisa diferente na água pode apresentar um risco aos humanos, mas o principal é a possível ineficiência do antibiótico. “Apesar de ter uma concentração muito baixa, se você tem contato direto com essa água, o antibiótico não ter o efeito. Se você ter um machucado e, por causa da presença dos micro-organismos resistentes, ter uma infecção difícil de tratar. Além claro, de prejudicar muito os organismos aquáticos, como peixes, algas e moluscos, levando até a perda de algumas espécies que não resistem a essas substâncias”, disse.

Melhora

Apesar de tudo isso, a pesquisa também mostra uma melhora no nível da água e aponta dois fatores como fundamentais: o trabalho de coleta e tratamento de esgoto realizado pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e a atual obrigatoriedade de receita médica para a compra dos antibióticos.

Para a pesquisadora da UP, é necessário reforçar uma consciência na população de que nem tudo se resolve com o uso de antibióticos. “É preciso fazer um uso consciente. E, quando fazer, deixar claro que não adiante jogar na descarga, porque ele vai parar em outro lugar. Sabendo os efeitos que isso causa no ambiente, podemos tentar melhorar a qualidade da água”, concluiu.

Abastecimento

A Barragem do Passaúna atende a região oeste de Curitiba e cidades da região metropolitana de Curitiba. Apesar da pesquisa, não há motivo para preocupação no consumo. A pesquisa da UP chega a elogiar o trabalho realizado pela Sanepar.

A companhia também se posicionou em nota e reforçou que a água pode ser consumida normalmente. “A água distribuída pela Sanepar atende a todos os critérios de qualidade e potabilidade determinados pela legislação brasileira (Portaria 5, Anexo XX, do Ministério da Saúde) e pelos órgãos ambientais. Em todo o mundo, ainda são incipientes as pesquisas neste sentido. A Sanepar mantém uma gerência de pesquisa e inovação com estudos e projetos que também abordam esta temática e estão em andamento”, diz.

Banda B