O Brasil tem vários exemplos positivos e inspiradores na garantia de direitos da população de Lésbicas, Gays, Bisexuais, Transexuais e Indefinidos (LGBTI). Esta é a opinião do enviado especial do Departamento de Estado dos Estados Unidos para os Direitos Humanos das Pessoas LGBTI, Randy Berry. Ele conversou com ativistas e autoridades brasileiras sobre o tema.
Após dois dias em São Paulo e um em Brasília, Berry foi ao Rio hoje (9), onde se reuniu com líderes comunitários da Cidade de Deus, zona oeste do Rio pela manhã. “Fiquei muito bem impressionado com o alto nível do trabalho que estão desenvolvendo lá. Voltei muito inspirado com o que vi”, comentou.
Berry também elogiou serviços prestados por entidades em São Paulo na área de educação e oportunidades de emprego a membros da comunidade que sofreram violência e discriminação.
Na parte da tarde, antes de conversar com autoridades locais e ativistas, ele hasteou a bandeira do arco-íris, símbolo da causa LGBTI, ao lado da bandeira americana. Segundo, Berry, os governos americano e brasileiro têm preocupações e interesses similaridades.
“Estive em Brasília ontem com representantes do Ministério das Relações Exteriores e percebi nas conversas que, nesse tema, Brasil e Estados Unidos estão muito próximos”, opinou ele.
Os desafios brasileiros também são muito parecidos com os dos EUA, apontou. “Acho que todos os países ainda têm muito que evoluir nessa questão. O mesmo vale para os Estados Unidos. Lá, por exemplo, o número de casos de violência contra membros da comunidade transexual também é significativamente maior do que contra outros membros da comunidade”, comentou Berry, que aposta na educação como solução para o problema.
A criminalização da homofobia não é, segundo ele, a melhor opção.
“A experiência norte-americana em estratégias legais têm sido no sentido de criminalizar ações de ódio, discursos de apologia à violência. A liberdade de expressão também é um direito muito caro para nós, então achamos que educação é a chave para o problema. Ainda temos homofobia, mas acho que é parte de um processo de melhoria em qualquer país”.
Em São Paulo, ele conheceu e ouviu relatos de organizações em prol da causa e dos Direitos Humanos, e participou da Parada Gay. “Nunca vivi nada igual. Foi provavelmente a maior multidão que já vi, e achei que tinha uma energia incrível”, comentou ele, ao informar que ainda ouve com dificuldade devido ao estrondo da festa.
Berry não viu a performance da transexual seminua presa a um crucifixo durante a parada, que gerou polêmica nas redes sociais, mas defendeu que aqui como em seu país as pessoas têm o direito de se expressarem. “Contanto que não promovam a violência, e não prejudiquem ninguém”, comentou.
O enviado especial disse ainda que as experiências que conheceu pelo continente foram verdadeiras aulas. Antes do Brasil, ele esteve na Argentina, no Uruguai e no Chile.
“Fiquei surpreso com a originalidade e perspicácia de trabalhos desenvolvidos por aqui. E fiquei muito otimista com algumas áreas em que podemos traçar parcerias no futuro”, ressaltou.
“Meu interesse é ver como reunir essas lições e promover o tipo de mudança que realmente queremos no mundo, pois temos ainda muitos irmãos e irmãs LGBTs vivendo em circunstâncias muito difíceis em vários países”, completou antes de afirmar que esta é a primeira de uma série de visitas e que parcerias já estão sendo delineadas. Amanhã ele estará na República Dominicana, sua última visita no continente antes de retornar a Washington.