
A família de Felipe Vecchietti, que no último sábado, foi resgatada por Guardas Municipais e agentes de transito de Araucária entrou em contato com nossa redação e emitiu um lindo agradecimento aos GMS e a todos que ajudaram no resgate, o qual trazemos na íntegra:
Nota de Esclarecimento e Agradecimento.
Primeiramente sem dúvidas alguma agradeço à Deus e a Nossa Senhora que estavam com os olhares e braços abertos para abençoar a mim e minha família.
Aos que e alguma forma direta ou indiretamente nos ajudaram, mas a algumas pessoas sem dúvidas não posso passar sem deixar um agradecimento específico. Começando irei descrever o momento, para que sirva de alerta e também que possam se colocar ao menos um pouco no momento.
Sábado 03 de março de 2018, aproximadamente 16 horas, eu e minha família Jaqueline e Leonardo, chegamos ao aniversário do amiguinho do Léo o Lucas em um Buffet Infantil no Prado Velho em Curitiba, durante o aniversário, o tempo fechou e choveu durante uns minutos, chuva esta normal para a região, tínhamos um plano de sair deste aniversário e seguir para a comemoração de aniversário da mais que amiga de nossa Família, mas também madrinha do Leonardo Rafa. Foi quando tudo começou.
Saímos do aniversário por volta das 18 horas em direção à localidade de Colônia Cristina, Araucária, seguimos pegando a linha verde, onde próximo ao bairro pinheirinho se iniciou uma chuva forte, porém com visibilidade e condições que permitiam o tráfego pela via, e assim se vez, até chegarmos a Araucária, onde primeiramente passaríamos pelo bairro industrial em um comércio de um amigo para ai seguirmos para o aniversário, percebemos o quanto tinha chovido na região, porém seguimos sem maiores dificuldades até a zona rural de Colônia Cristina.
Entrando na estrada principal, ainda lembro que elogiei as condições da estrada, que estavam muito boas para o tráfego, porém ao entrar na estrada secundaria que daria acesso ao aniversário, foi onde o nosso horror começou.
Era por volta das 20 horas, seguindo uns 300 metros a frente na estrada no inicio de uma curva o veículo em que estávamos perdeu sua estabilidade devido as condições já não tão boas da estrada, foi quando de repente percebemos uma enxurrada de água nos atingindo do lado direito do veículo, onde de imediato o mesmo desligou, não funcionando mais, horror, medo, apreensão, agonia, não descrevem o que sentimos no momento, pelas condições do tempo eu estava com o vidro do motorista abaixado, onde quando percebi a gravidade da situação de imediato apanhei o meu aparelho celular e uma lanterna que quem me conhece sabe que sempre carrego comigo. Segundos se passaram e para nós anos estavam a nossa frente, o carro foi sendo levado pela água, sem termos o mínimo o que fazer, minha esposa iniciou a retirada do nosso filho da cadeirinha, em meio à água entrando no veículo, por todas as frestas, o agasalhou e o cobriu com uma toalha que tinha próximo a ela em questão de pouquíssimos segundos (não sei se em minha vida, vou ter como agradece lá, por essa atitude), quando o carro caiu rio adentro e começamos a “navegar” pelo córrego com água entrando, eu me localizando que a poucos metros a frente estaríamos na represa, onde possivelmente se acontecesse não estaria aqui descrevendo este momento. Deslocamos-nos aproximadamente 20 metros rio adentro, passamos por um tronco grande, onde em uma tentativa falha não consegui segurar o veículo, pois a força da água estava absurdamente forte, foi então metros à frente em um fino tronco de Cambuí que o carro com a graça de Deus estabilizou, ficando inclinado com a parte do motorista para cima, uma vez o carro parado, a água tomou conta rapidamente de todo o veículo, foi onde minha esposa sem sucesso tentou abrir sua porta para sair do veículo e eu também, quando percebemos havia uma árvore trancando ambas as portas, rapidamente sai do veículo em direção ao teto pela minha janela, onde instantes depois minha esposa alcançou meu filho e ela saiu em seguida, pois ambos estavam no banco de trás.
Volto a dizer a vocês tudo isso aconteceu em segundos, mas a graça divina estava conosco, mas o medo nos tomava conta. Uma vez estabilizados momentaneamente entre o teto do veiculo e a lateral do mesmo, com meu filho em meus braços onde nem mesmo a maior força do mundo me faria soltar ele tentamos se acalmar e pensar. Foi quando mais uma vez Deus olhou por nós, em meio uma região rural, famosa por não ter sinal de telefone olho para meu celular que estava em minha mão juntamente com a lanterna e vejo o mais baixo nível de sinal, porém milagroso para nós no momento.
Então iniciamos as inúmeras tentativas de contato falhas, em meio ao breu de luz, a chuva forte que caia e a forte correnteza que nos cercava, iniciamos as tentativas com o pessoal que estava no aniversário, porém por conta da forte chuva, estavam se luz no momento e a internet (via satélite), não estava funcionando, pois lá não tem sinal de celular, então fizemos tentativas para o Corpo de Bombeiros, onde por conta da chuva que acontecia na cidade não conseguimos falar com ninguém em inúmeras tentativas. Então liguei para o primeiro anjo de nossa família, Diego Surdi, onde se encontrava na casa dos seus pais no bairro Iguaçu em Araucária, prontamente ouvindo ao telefone os gritos por socorro, mobilizou sua família para pedir ajuda e o mesmo juntamente com nosso segundo anjo da guarda seu pai Sérgio Surdi, iniciaram a busca por cobertas e seguiram para a localização em que estávamos. Bem, pensamos com nós, alguém já sabe que estamos aqui, ai os questionamentos entravam em nossa mente, será que dará tempo, será que acharam onde estamos, será Senhor, será Senhor. Minha esposa em um ato de bravura, mantinha sua calma, conversando com o nosso filho acalmando ele e ao mesmo tempo rezando, implorando a Deus e a Nossa Senhora que nos livrasse daquele momento. Após comunicar o Diego o mesmo fez contato com outro anjo que nos ajudou que foi o Carlinhos Cantele, onde seus conhecimentos foram muito úteis para o momento, também sabíamos que meu sogro estava no momento em seu irmão em uma confraternização, foi então que acionamos mais estes dois anjos da Guarda, em ligação para o tio de minha esposa Reinaldo Martins comuniquei o ocorrido em meio ao desespero e ele comunicou ao meu sogro Ronaldo Martins, que também de imediato colheram alguns instrumentos que pudessem ser útil e seguiram rapidamente para a localização. Então minutos depois onde tivemos mais um susto, um veículo que seguia pela estrada iniciou a passagem pela estrada já muito mais alagada que anteriormente, e começamos a implorar o retorno imediato deles, mas com a força da água o barulho era imenso o que impossibilitava qualquer comunicação com quem estivesse no veículo, pois tendo visto que se a água os carregassem também, viriam em nossa direção e o pior poderia acontecer não somente conosco mas com os ocupantes do outro veículo, porém o mesmo passou pela estrada sem maiores dificuldades. Mais uma vez agradecemos e oramos, as dúvidas ainda nos assombravam, será Senhor, será Senhor. As tentativas de ligação para os Bombeiros ainda eram inválidas, ai tentei uma ligação para a Guarda Municipal de Araucária, em expectativa, que fizessem um contato direto com os Bombeiros para que o resgate pudesse acontecer, o que pela análise prévia teria que ser através de bote ou barco. De inicio minha ligação caiu na central de Curitiba, onde eu explicando a situação o Gm que nos atendeu transferiu para a central de Araucária. Então entra em cena outro anjo da guarda o GM João Luiz Botoski que fez o primeiro contato conosco, o mesmo informou que a Guarda não possuía estrutura de barco para o atendimento, mas que iria entrar em contato direto com os bombeiros para que o mesmo pudesse nos socorrer o mais rápido possível. Minutos se passavam, a chuva aumentava, as nossas preces cada vez mais forte, sentimos e identificamos várias formigas na árvore em que nos apoiávamos onde ficávamos cada vez mais picados por elas, os bombeiros então entram em contato conosco para precisar a localização, pois se tratando de estrada secundária tinham que seguir o caminho correto. Após mais alguns minutos avistamos luzes de veículos na estrada, onde com a lanterna, a luz do celular e fortes gritos tentamos contato, mas também foi negativo a tentativa, os mesmo fizeram a volta e retornaram. Em meio às inúmeras ligações que estávamos tentando fazer e que estávamos recebendo nos acalmamos o máximo possível, até a correnteza aumentar e começar a balançar o veículo em que estávamos, o desespero retornou, o clamor pelas nossas vidas era intenso, foi onde então começaram a parar outros veículos na estrada, estes agora estavam ali pela gente, depois descobrimos que o primeiro veículo a chegar ao local foi uma viatura do transito de Araucária, tendo ouvido pelo rádio a gravidade da situação se deslocou de imediato ao local. (Não tenho os nomes dos agentes específicos que estavam nesta viatura, mas saiba que seremos eternamente gratos).
Gritávamos, nosso pequeno gritava pelo bombeiro para resgatar ele, tão pequeno, tão inocente do mundo estávamos levando ao pensamento dele que tudo não se passava de uma brincadeira de esconde – esconde onde os bombeiros teriam que nos achar, e o maior medo dele foi a escuridão. Quando percebemos que eram nossos amigos que ali estavam e familiares, tomamos a implorar para eles não fazerem nenhuma tentativa de resgate, pois a mesma poderia se tornar mais um desastre. Quando então vimos algumas luzes adentrando a água, ao meio do medo percebemos a cautela a qual estavam tomando e as luzes das lanternas se espelhavam a luz de anjos vindo em nossa direção, foi então que apareceu as três pessoas que em toda minha vida não sei como agradecer a gratidão que tenho por eles para sempre, eles são os GM Fagundes, GM Pires e GM Paulo Luz e agentes de transito entre eles o agente Costenaro que entrou dentra da água. Que em um ato heroico e de bravura, digno de mérito chegando ao local, analisaram rapidamente o cenário e amarraram uma corda entre eles, com o efeito de que se um deles fosse levado pela correnteza os outros o seguraria, e então entraram no rio, buscando caminhos que possibilitassem o acesso até nós, logo no inicio, descobriram que a estratégia de segurança deles era válida pois o GM Paulo Luz veio a cair em uma valeta e foi puxado novamente por seus companheiros, minutos novamente se passavam, para nós uma eternidade no caminho seguido pelas luzes dos nossos anjos, o Leo tão inocente sorria porque não os bombeiros mas sim os Super Heróis tinham vindo buscar a gente.
Quando eles se aproximaram, se identificaram e demonstrando muita calma falaram para nós que iríamos sair todos de uma vez só, primeiramente entregamos nosso filho com um aperto no coração, mas confiando em Deus e em nossos heróis que ali estavam então após segurar a vida do Leo no colo de um dos GM senão me engano do Fagundes, a Jaqueline foi até eles e se prontificou para o resgate, então fui eu, onde na hora por conta de minha posição e do tempo em que estávamos ali, havia travado a musculatura, após inúmeras câimbras que eu havia tido, porém não me mexi para garantir a segurança de todos, ficamos ali alguns segundos, eu implorava para levarem minha família primeiro, depois voltassem me buscar, mas novamente falaram que iriam levar a todos, pois não sabiam se haveria tempo o suficiente para retornarem, então fiz alguns movimentos por alguns minutos e então estava pronto para seguir, com muita dificuldade e principalmente profissionalismo da Guarda Municipal, chegamos em terra firme, um alivio, o Leonardo meu sogro de imediato o segurou, minha esposa espantada abraçou seu pai com um forte abraço, eu, bem eu me ajoelhei, caindo em prantos e agradecendo a Deus pela nova vida que minha família tinha ganho, então de imediato nos levaram para a viatura da guarda, onde nos levariam para o HMA para exames preventivos.
No caminho mais aquecidos tendo vista que eu e o Léo estávamos com um nível de hipotermia alto, foi onde a emoção tomou conta de nossos corações, as palavras do GM Fagundes para nós nunca mais saíra de nossa memória, onde disse que quando caiu o chamado no rádio da ocorrência e ouviram que tinham vidas em risco, principalmente de uma criança, não hesitarão e se deslocaram o mais rápido possível para a localização, que é para isso principalmente que ele é um GM para SALVAR VIDAS, que a vida é prioridade, isso tocou a mim de uma maneira que como antes dito, nunca irei saber o quanto retribuir e agradecer a eles, o Léo já aquecido e no colo da Jaq estará a usar uma boina da guarda e estava deslumbrado que estava andando em uma viatura.
No que estávamos saindo cruzamos com o Corpo de Bombeiros chegando, desde o acontecido já vieram até mim falando da ineficiência no atendimento deles, mas quero aqui deixar registrado, que a situação que Araucária estava passando no momento, a demanda que eles estavam tendo no momento é mais do que aceitável o tempo que eles chegaram ao local, e que eles também foram nossos heróis, pois sei que se a Guarda não tivesse ali, eles fariam o mesmo por nós, então meu muito obrigado a toda corporação.
Agradecimento que não posso deixar passar em vão também foi do pessoal do HMA (Hospital Municipal de Araucária), onde ao chegarmos, fomos muitíssimos bem atendidos, enfermeiros, atendentes, médicos, foram super atenciosos conosco, nos acolheram super bem, cuidaram do nosso Léo como se fosse filho deles, nos examinaram me medicaram por estar com a coluna travada devido a posição que fiquei e logo nos deram alta.
Essa noite não tem dúvidas de que nunca mais irei esquecer pelos momentos de horror que passamos, pela graça divina e principalmente pelos heróis que tivemos. Ficamos ilhados aproximadamente 01h10min. Este tempo além do desespero nos serviu para avaliarmos o quão a vida é precioso para nós, o quão as pessoas em nossa volta são importantes para nós e principalmente o quão Deus e Nossa Senhora são maravilhosos com a gente.
Ao decorrer do tempo nos informaram o porquê a guarda e os agentes de transito de fizeram presente o mais rápido que puderam essa informação não sei se é verídica, mas se for é completamente entendível. Com a demanda que Araucária estava no momento da ocorrência, foi passado via rádio a ocorrência para as todas as viaturas da corporação dos bombeiros de Araucária, uma delas estava no momento com uma viatura da guarda, e o bombeiro presente, informou que o atendimento não poderia ser mais rápido, pois todas as viaturas estavam em atendimento, então de imediato (gostaria muito de saber o GM que reportou) foi reportado as viaturas da guarda da situação e então os mesmos deslocaram o mais rápido que puderam.
Obrigado novamente a todos não tem o nome de todo mundo envolvido, mas não posso deixar de escrever os que tenho em mente no momento, pois se não fosse por eles eu e minha família não estaria aqui agora.
Diego e Rafa Mikus e família;
Diego e Josi Surdi e família;
Carlos Cantele;
Ronaldo e Reinaldo Martins e toda a família
Julio, Cintia e Pedro Staback;
Minha Mãe e meu Pai, que apesar de não estarem em Araucária no momento, visto a isso que não os comuniquei anteriormente, me deram suporte psicológico com palavras no caminho ao hospital, e minhas irmãs que foram comunicadas assim que possível, pois não havia logística para apoio imediato por isso não foram comunicadas, mas assim que souberam deram apoio a todos nós.
Aos GMs Gisele, Fagundes, Pires, Paulo Luz (Acredito que tenha tido mais envolvidos, inclusive os agentes de segurança, mas não tenho acesso aos nomes no momento);
Aos bombeiros que se fizeram presentes na ocorrência. (Por estar sendo deslocado ao hospital, não sei os nomes também);
A central da Guarda Municipal em especial do GM João Luiz Botoski que por telefone passou tranquilidade e profissionalismo no atendimento.
Aos atendentes do HMA por terem sido tão educados e prestativos conosco.
E é claro como no início do texto descrito, a Deus e a Nossa Senhora por terem nos agraciado por mais uma vida entre vocês. (No domingo quando fomos retirar o carro, entendi o quão nossa fé estava fortalecida, pois a alguns metros de onde houve o acidente havia um pequeno santuário, direcionado exatamente para onde o carro estava e lá a imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Obrigado mãezinha por esta graça.
Para maiores esclarecimentos, principalmente aos que me conhecem, apesar de ter sido um acidente, onde nunca poderia imaginar acontecer, a fatalidade aconteceu, e fiz questão de solicitar Guarda onde informou que não havia na corporação um aparelho para o teste etílico, então o fiz aos médicos do HMA, onde informaram que o laboratório não realizava este tipo de exame (exame etílico de sangue) então a caminho da minha casa, me dirigi até o posto da PRF, que prontamente entendeu o acontecido e realizou por minha solicitação o exame etílico, constatando o que eu já sabia (pois não havia ingerido nenhuma bebida alcoólica), mas a minha consciência pedia para provar, então resultou em 0,00% de teor etílico em meu corpo, o que de alguma maneira me tranquilizou. Pois os atos e responsabilidades que tenho são pilares para minha vida.
Amo viver, amo minha família e amigos e amo a Deus e Nossa Senhora.