Bancários da Grande Curitiba iniciaram às 0h desta terça-feira uma greve, que segundo a própria categoria, promete ser uma das mais longas e acirradas dos últimos anos. Mas o fato de os bancos estarem em greve não significa que as pessoas possam atrasar ou deixar de fazer o pagamento de suas dívidas. Quem agir assim terá que pagar os juros e as multas correspondentes aos dias de atraso.
Durante a greve, pra quitar uma dívida, a orientação aos clientes é utilizar os canais alternativos disponibilizados pelos bancos, como os caixas eletrônicos, internet banking, aplicativos para celular e o serviço dos correspondentes bancários, como as lotéricas (Caixa Econômica Federal) e Coban (Banco do Brasil).
Em caso de boletos vencidos, segundo a advogada do Procon-PR Alane Borba, o ideal é procurar o fornecedor, pra que um novo documento com o valor e a data de vencimento atualizados, seja gerado. “O consumidor deve fazer este contato e guardar um comprovante, como e-mail ou número de protocolo. O fornecedor é o responsável por oferecer uma forma alternativa de pagamento. Se ele se negar, novas multas e juros não poderão ser cobrados do consumidor. Em caso de problemas, as pessoas podem procurar o Procon ou fazer uma reclamação no portal www.consumidor.gov.br”.
Outra opção, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), é entrar no site do banco emissor do boleto e procurar o serviço “emissão de segunda via de boleto”. Lá, ao digitar os dados referentes ao pagamento, é possível gerar uma segunda via do boleto, com o valor do débito corrigido e a data de pagamento atualizada.
Negociações emperradas
De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Elias Hennemann Jordão, a greve promete ser longa, porque as negociações entre bancários e banqueiros, que já ultrapassaram 45 dias e seis rodadas de conversa, ainda estão longe do fim.
“Este ano nossas principais reivindicações são ter melhores condições de trabalho, sem ameaças e cobranças de metas abusivas, fim das demissões e contratação de novos profissionais e um reajuste de 16%, equivalente à reposição da inflação mais um ganho real de 5%. No entanto, os bancos nos propuseram um reajuste de 5,5%, índice que não chega a repor as perdas com a inflação”, explica.
Pra Jordão, nem mesmo a crise econômica pode ser usada como explicação pra uma proposta tão distante do que é pedido pelos trabalhadores. “Em 2015 os seis maiores bancos brasileiros já acumularam juntos um lucro líquido de mais de R$ 55 bilhões. E ao contrário dos demais, este não é um setor que enfrenta dificuldades financeiras. Pra nós, esta posição atual representa a ganância dos banqueiros”.
Proposta
Em nota, a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) afirma que mantém com as lideranças sindicais uma negociação pautada pelo diálogo e reitera que continua aberta a negociações. Segundo a Fenaban, pra data-base de 2015, a proposta é de um abono imediato de R$ 2.500,00, pago a todos os 500 mil bancários, além de reajuste de 5,5%. Reajuste que segundo a entidade “está em linha com a expectativa de inflação média pros próximos 12 meses”. Já com relação ao lucro dos bancos, a proposta prevê a distribuição de 5% a 15% do lucro líquido aos bancários, além da parcela adicional de cerca de 2,2% do lucro de cada instituição.
Adesão total na Caixa e BB
A expectativa da Federação dos Bancários do Paraná é de adesão de 70% dos funcionários dos bancos privados e de 100% no caso do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (CEF).
De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, os centros administrativos e as agências do centro da capital devem ser as primeiras a parar as atividades, já no início da manhã. Já as agências que ficam nos bairros devem aderir à paralisação ao longo do dia. Além da capital, os sindicatos dos bancários de Cascavel, Cianorte, Foz do Iguaçu, Goioerê, Maringá, Paranaguá, Pato Branco, Ponta Grossa, Telêmaco Borba e União da Vitória confirmaram que vão parar as atividades.
BV Financeira fechada
O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região fechou ontem as duas agências da BV Financeira na capital. O protesto foi um ato solidário contra o fechamento da plataforma de crédito da empresa em Fortaleza (CE), em 1.º de outubro, quando foram demitidos 65 trabalhadores.
Por conta do ato, a empresa chamou a secretária do ramo financeiro do Sindicato, Katlin Salles, pra uma reunião em São Paulo pra debater o assunto. “Vamos tentar reverter essa situação em Fortaleza e exigir garantias de que a BV não irá repetir essa situação em Curitiba e em outras cidades do Brasil. Espero que a conversa seja bem produtiva e que hajam boas notícias”, disse a sindicalista. (Da Redação).
PrOn