A semana começa sob a expectativa de fim da greve dos professores, que completa hoje 42 dias, e da crise política que já se arrasta desde fevereiro, quando o governo do Estado propôs e depois foi obrigado a retirar de pauta da Assembleia Legislativa a primeira versão de um pacote de medidas de corte de gastos e benefícios de servidores – após a invasão da Casa por manifestantes. Após a garantia de que as faltas dos grevistas não serão descontadas, o governo espera que a categoria aprove, amanhã, em assembleia convocada pela APP-Sindicato, o encerramento da paralisação, que deve empurrar o ano letivo para o início de 2016.
Caso isso se confirme, os deputados estaduais devem iniciar ainda esta semana a votação do projeto que prevê reajuste de 3,45% de reajuste em parcela única a ser paga em outubro – relativa à inflação de maio a dezembro de 2014. proposta prevê ainda que em janeiro de 2016, os servidores receberiam outros 8,5% – referente à inflação estimada para janeiro a dezembro deste ano. E em janeiro de 2017, além da reposição da inflação de 2016 medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), eles teriam outros 1% de aumento – para recompor as perdas pelo parcelamento dos reajustes anteriores.
Apesar de não atender ao desejo inicial do funcionalismo de que as perdas inflacionárias de maio de 2014 a abril deste ano – de 8,17% – fossem zeradas ainda em 2015, a proposta foi bem recebida pelas entidades sindicais, que avaliam não haver mais condições de manter a greve. Ao mesmo tempo, elas consideram que os servidores evitaram riscos de futuras perdas e de mudança da data-base de maio para janeiro – o que dificultaria novas mobilizações dos servidores. Além disso, teria havido avanço significativo em relação ao projeto original, apresentado pelo Executivo no início de maio, que previa reajuste de 5% parcelado em duas vezes, sendo que a segunda parcela não tinha data definida para ser paga.
Pelo lado do governo, a esperança é de “virar a página” da crise instalada desde o início do ano, pelas dificuldade de caixa do Estado, que culminou no confronto do dia 29 de abril, quando manifestantes e servidores entraram em choque com a polícia durante a votação pela Assembleia de mudanças no plano de aposentadoria do funcionalismo, transformando o Centro Cívico em uma “praça de guerra”, e resultando em mais de 200 feridos. A expectativa do Palácio Iguaçu é que a partir de agora, com um plano de longo prazo para a política salarial dos servidores, e o caixa reforçado pelos aumentos de impostos aprovados no final de 2014, o Estado recupere a capacidade de investimento, e retome uma “agenda positiva” para o segundo semestre.
Perdas – Estudo elaborado pelo economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) para a APP-Sindicato aponta que a nova proposta representa uma perda de 0,5% – o equivalente a meio-salário ao ano para cada servidor, ao não garantir o zeramento da inflação ainda em 2015.
O economista sustenta ainda que seria possível ao governo pagar a reposição da inflação ainda este ano, aplicando reajuste de 3,45% em outrubro e 4,56% em dezembro. Segundo Cordeiro, o custo adicional na folha de pagamento de dezembro seria de R$ 55 milhões mais o custo adicional na folha do décimo-terceiro salário de R$ 44 milhões, totalizando R$ 97 milhões.
Bem Paraná