
Araucária registrou cinco casos de bebês que desenvolveram a sífilis congênita, isto é, que pegaram a doença ainda na barriga da mãe. É o que mostram dados do Departamento da Vigilância Epidemiológica (DVE) registrados no Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). E isso resultou em uma taxa aproximada de 2,03* para incidência dessa modalidade de contágio da doença até novembro deste ano na cidade. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é 0,5.
O número poderia ser pior se as 20 gestantes identificadas no pré-natal com a doença não tivessem aderido ao tratamento corretamente e não adotassem algumas medidas de precaução, relata a enfermeira do DVE, Hellen Faria. O exame para diagnosticar a doença e os medicamentos são fornecidos gratuitamente pelo município.
Um dos problemas observados é que nem sempre ambos os parceiros fazem o tratamento ao mesmo tempo, o que pode ocasionar a reinfecção de quem já estava se recuperando. Por isso, como em qualquer outra infecção sexualmente transmissível, recomenda-se que ambos os parceiros adotem o tratamento e façam o uso de preservativo.
“Como o tratamento recomendado é injetável e muitas vezes deve ser aplicado por três semanas consecutivas, alguns pacientes abandonam o tratamento. E se um dos parceiros interrompe o tratamento, sem a utilização de preservativos na relação, acaba ocorrendo a reinfecção do parceiro”, explica o médico coordenador do serviço de obstetrícia do Hospital Municipal de Araucária (HMA) e ginecologista da unidade de saúde do Santa Mônica, Dr. Claudio Bednarczuk.
O especialista ainda comenta que a sífilis não é um problema isolado de um ou outro município e sim uma questão de saúde que preocupa diversas entidades pelo mundo, como a Organização Mundial da Saúde, que constantemente incentiva a adoção de ações para lidar com a situação.
Exame
O exame para diagnosticar a sífilis deve ser feito no primeiro, no segundo e no terceiro trimestre da gestação, durante o pré-natal, nas unidades básicas de saúde. Para o restante da população, recomenda-se buscar o Serviço de Orientação à Aids e Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (SOA), localizado no prédio do Núcleo Integrado de Saúde (NIS), das 8h às 16h. Não é necessário estar em jejum, basta portar um documento com foto, orienta a coordenadora do serviço Cleonice Aparecida Oliveira.
Consequências ao bebê
É importante o tratamento para garantir uma gestação sadia para evitar consequências ao desenvolvimento do bebê como aborto, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer. O protocolo do Ministério da Saúde diz que a criança que nasce com sífilis deve ficar internada nos 10 primeiros dias de vida e precisa realizar uma série de exames, além de fazer um tratamento intensivo no período.
Formas de contágio
Além da forma congênita, a sífilis pode ser transmitida por relação sexual (vaginal, anal, oral) sem camisinha com uma pessoa infectada. O uso correto e regular da camisinha masculina ou feminina é uma medida importante de prevenção da sífilis, assim como de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Sintomas
No estágio inicial da doença, feridas indolores aparecem nos órgãos genitais do homem e da mulher podendo passar despercebidas, contudo se não tratada nesta fase, a sífilis poderá evoluir e trazer consequências mais graves, espalhando-se para outras áreas do corpo como cérebro, sistema nervoso, olhos, artérias, coração e outros órgãos, podendo deixar algumas sequelas e levar até a óbito se não tratada.
Como se calcula o índice*
Para se calcular a incidência de sífilis congênita, projeta-se o número de bebês confirmados com a doença (menores de um ano) e divide-se pelo número de bebês nascidos vivos no período. Esse número é multiplicado por mil e o índice é obtido. O índice de Araucária foi calculado baseado no número de nascidos vivos de janeiro até novembro de 2016.