BrasilPolítica

Lula avalia que é difícil a volta de Dilma e prepara forte oposição a Temer com foco em 2018

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já prepara uma dura oposição ao governo de Michel Temer. Lula avalia que é muito difícil a presidente Dilma Rousseff ser reconduzida ao cargo após o afastamento de até 180 dias. Argumenta, porém, que o PT precisa rapidamente de uma bandeira para construir a narrativa do pós-Dilma e aplainar o caminho rumo às eleições de 2018.

Abatido, Lula passou o dia de ontem no hotel onde costumava despachar, em Brasília, desde que sua posse na Casa Civil foi suspensa por decisão judicial.

Conversou com senadores do PT e até do PMDB de Temer, além de se reunir com movimentos sociais para organizar um ato de solidariedade à Dilma, na manhã de hoje, diante do Palácio do Planalto.

Após 13 anos e quatro meses no poder, o PT volta para a oposição apostando no racha entre Temer e o PMDB do Senado, que já dá sinais de descontentamento em relação à montagem do Ministério. A ordem é formar um grupo para esquadrinhar as primeiras medidas do presidente interino e desconstruí-las. O PT vai intensificar a luta política no Senado, já que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), é antigo desafeto de Temer.

“Faremos uma oposição firme, mas não a que eles fizeram. Não vamos agir para provocar instabilidade econômica. Eles deram apoio à pauta-bomba e nós não vamos fazer isso”, disse o líder do governo Dilma no Senado, Humberto Costa (PT-PE). “Não deixaremos que se consume a perda de direitos sociais, que acabem com o pré-sal nem que privatizem a Caixa Econômica Federal”, emendou o senador Paulo Rocha (PA), líder do PT.

‘Dia seguinte’

Lula, na definição de quem esteve com ele, já está “com a cabeça no dia seguinte”. Toda a estratégia está sendo preparada para reconstruir a imagem do PT e lançar a candidatura do ex-presidente em 2018. Tudo depende, porém, do desfecho da Operação Lava Jato, já que ele está na mira da Polícia Federal e também do Ministério Público.

Em conversa com senadores, Lula disse ser simpático à ideia de um plebiscito para consultar se a população apoiaria antecipar as eleições presidenciais. A proposta chegou a ser defendida por Renan, para contrariedade de Temer. Na prática, o PT fará tudo para aumentar as divergências entre os dois.

Nos últimos dias do governo, Dilma desistiu de enviar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ao Congresso para encurtar o seu mandato porque a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Sem Terra (MST) foram contra a ideia, sob o argumento de que a presidente, mesmo afastada, ainda pode retornar ao Planalto.

O plebiscito popular em outubro, mês das eleições municipais, pode se transformar numa bandeira a ser empunhada pelo PT. O tema deve ser discutido na reunião do Diretório Nacional do partido, marcada para terça-feira, com a presença de Lula.

Será o primeiro encontro da cúpula petista após o impeachment de Dilma. O PT vai bater na tecla de que a presidente foi “apeada” do poder sem cometer crime de responsabilidade. Nos bastidores, porém, dirigentes da legenda observam que somente esse discurso não basta para a resistência.

Viagens

A ideia é que Dilma percorra o País e faça viagens internacionais para denunciar o “golpe” de Estado. Os petistas querem, ainda, que a presidente afastada divulgue em todos os palanques os programas sociais do PT e faça um contraponto com a gestão Temer. “Nós vamos infernizar a vida dele desde o primeiro dia”, resumiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

 

ESTADÃO

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos.
A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo.
Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.