Três anos depois de pousar em uma cratera gigante de Marte, a sonda Curiosity, da agência aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês), encontrou o que os cientistas classificaram como provas de que a bacia esteve repleta de água com frequência, o que aumenta as chances de vida no planeta vermelho, relatou um estudo publicado nesta semana.
A pesquisa ofereceu o quadro mais abrangente de como a Cratera Gale, uma bacia de impacto de 140 quilômetros de largura, se formou e deixou um amontoado de sedimentos de 5 quilômetros no solo da cratera.
No início de sua missão, a Curiosity descobriu restos de cascalho de córregos e depósitos de um lago raso.
A nova pesquisa, publicada no periódico “Science”, mostrou que o solo da cratera se elevou ao longo do tempo em resultado do acúmulo de camadas e mais camadas de sedimentos presentes na água durante o que podem ter sido milhares de anos, segundo John Grotzinger, geólogo do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
“Sabíamos que houve um lago ali, mas não tínhamos a dimensão do quão grande ele foi”, disse Grotzinger.
Água proveniente do norte da cratera preenchia a bacia regularmente, criando lagos de longa duração que poderiam ter servido de berço para a vida como conhecemos. Os cientistas suspeitam que a água viesse da chuva ou da neve. “Se você descobre indícios de lagos, é um sinal muito positivo de vida”, afirmou Grotzinger.
Mais adiante a cratera ficou cheia de sedimentos, e depois os ventos fizeram sua parte e erodiram o leito do lago, deixando para trás somente o monte no seu centro. Esse acúmulo, apelidado de Monte Sharp, foi a razão da Curiosity ter sido enviada à Cratera Gale em busca de antigos habitats adequados para a vida microbiana.
Os cientistas descobriram que Marte tem todos os ingredientes que se acredita serem necessários para abrigar a vida, mas de que maneira o planeta conseguiu conter água na superfície durante longos períodos é um mistério, já que bilhões de anos atrás Marte perdeu sua atmosfera — nessas condições, a água líquida evapora rapidamente.
Na semana passada, outro grupo de cientistas publicou uma pesquisa que mostra que fios d’água salgada fluem periodicamente em Marte nos dias atuais. A origem dessa água, entretanto, ainda é desconhecida.
Gazeta do Povo