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Morto na Praça da Espanha em Curitiba tem diversas passagens pela polícia

Assessoria

Andrei Gustavo Orsini Francisquini, 35 anos, morto a tiros, após perseguição policial na região central de Curitiba, na madrugada do último dia 12 de maio, tinha uma extensa ficha criminal e uma vida complicada com a justiça. Casos de ameaça, embriaguez ao volante, lesão corporal, direção perigosa e até mesmo um caso de extorsão a um agente público, que culminou com sua prisão em flagrante no norte pioneiro, no ano de 2014, retratam uma vida delituosa que terminou de maneira trágica na madrugada do Dia das Mães.

Entre os crimes que chamam a atenção ao levantar a vida pregressa do jornalista, está o atropelamento de um policial militar, em 30 de agosto de 2013, no município de Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Estado. De acordo com o Boletim de Ocorrência 2013/841949, da Polícia Militar de Jacarezinho, Andrei foi abordado, por volta das 18h47, por uma viatura da Polícia Militar na região central da cidade por dirigir sem cinto de segurança. Ao descer do carro, os policiais afirmam ter notado sinais de embriaguez no jornalista e pediram os documentos do veículo e do motorista. Andrei teria dito aos policiais que pegaria a documentação no carro, entrou no veículo deu a partida e fugiu.

Fuga cinematográfica

O fato que se desenrolaria após a fuga de Andrei mexeu com a rotina pacata de toda uma região. Filho de um empresário da comunicação no município de Santo Antonio da Platina, o jornalista protagonizou um episódio que a imprensa passaria a chamar de ‘A Fuga Cinematográfica de Jacarezinho’ conforme registros de jornais e sites na época.

Ao dizer que pegaria os documentos, Andrei arrancou o carro em alta velocidade e, segundo o registro da ocorrência, atropelou o Policial Militar Soldado Raphael. O PM ficou ferido na perna esquerda e precisou ser levado ao Hospital. Enquanto isso, em alta velocidade, Andrei fugiu, dirigindo na contra mão por diversas ruas, subiu canteiros e calçadas, até ter acesso a BR-153 que liga Jacarezinho a Santo Antônio da Platina.

O jornalista então seguiu em fuga pela rodovia, colocando em risco a vida de dezenas de pessoas. A perseguição ao fugitivo mobilizou equipes da Polícia Militar de Jacarezinho e Santo Antonio da Platina. Andrei dirigia em alta velocidade, não media o perigo para fugir das viaturas. Numa região de descida de serra o momento mais tenso daquela ocorrência. Em uma barreira na pista, montada por conta de obras de reparo, um novo bloqueio policial foi feito para frear Andrei. Novamente a investida foi frustrada. “O condutor novamente empreendeu fuga, vindo inclusive a arremessar mais uma vez o carro contra a equipe policial que só não foi atropelada, pois os policiais saltaram de lado, evadindo-se atingindo ainda os cones posicionados no centro da via, os quais a sinalizavam, expondo a risco além da vida dos policias, a vida dos trabalhadores que ali se encontravam por ocasião das obras na via em questão”, diz trecho do Boletim de Ocorrência.

Andrei conseguiu fugir da polícia, o Soldado Raphael, atropelado por Andrei chegou a ficar afastado das suas funções em razão dos ferimentos. Andrei tornou-se réu em um processo na justiça e foi condenado pelos fatos ocorridos na fuga, entre eles o de lesão corporal no atropelamento do PM.

Reincidente

Um ano mais tarde, em 16 de setembro de 2014, Andrei seria preso novamente, desta vez no município de Cornélio Procópio, por dirigir embriagado. No carro dele, os policiais encontraram uma caixa de energéticos e uma garrafa de uísque. Menos de duas semanas depois, no município de Santo Antonio da Platina, Andrei tornou a fugir da polícia em alta velocidade, colocando a vida de motoristas e pedestres em risco. Na situação narrada pelo Boletim de Ocorrência 2014/915064, o jornalista novamente usou como rota de fuga a BR 153 que liga Santo Antônio da Platina a Jacarezinho. Equipes do serviço reservado da PM conseguiram encontrar Andrei somente horas mais tarde, na casa de seus familiares.

Imagens íntimas e extorsão

Outro crime registrado nos antecedentes criminais do jornalista Andrei é o de extorsão a um agente público no município de Cornélio Procópio. De acordo com informações, Andrei pedia cerca de R$ 300 mil a um homem para não divulgar suas imagens íntimas com uma mulher. Ele marcou um encontro com a vítima em um restaurante, em Cornélio Procópio, onde entregaria o HD com as imagens em troca do pagamento. No entanto, a polícia estava avisada e o jornalista foi preso em flagrante, chegou a ficar 11 dias presos e respondeu pelo crime em liberdade.

Outros crimes

Andrei também respondeu pelos crimes de ameaça, constrangimento moral e agressão física. Uma funcionária da empresa do pai de Andrei o acusou de agressão, já uma ex-namorada pediu ajuda as autoridades por se dizer perseguida pelo homem. Segundo ela, Andrei não aceitava o fim do relacionamento que havia durado dois meses e a perseguia. O jornalista chegou a se mudar para o mesmo condomínio em que a vítima morava para pressionar a moça a reatar o namoro. Outras ocorrências dão conta de dirigir com CNH vencida, carro em condições irregulares e perturbação do sossego.  

O que diz a defesa dos policiais da ROTAM

Para o advogado Claudio Dalledone Junior, que defende os policiais envolvidos na ocorrência da Praça da Espanha, a conduta de Andrei reforça o fato de que os policiais agiram em legítima defesa e na defesa das pessoas que estavam naquele local. “Se você observar, ao longo dos anos esse homem colocou a vida de dezenas de pessoas em risco. Só que desta vez ele não estava numa rodovia, como era acostumado a fugir. Ele entrou em uma via movimentada, dirigiu em alta velocidade em uma das regiões mais badaladas da cidade. Algo precisava ser feito”, disparou Dalledone.

Segundo o criminalista, atirar contra o carro do fugitivo, infelizmente, foi o último recurso. “A história deste rapaz mostra que barreiras policiais, seres humanos, inocentes, nada, nem ninguém, era capaz de pará-lo em uma perseguição. Infelizmente os disparos ocorreram, o  uso progressivo da força foi necessário. Quantos ele poderia ter matado se aquela perseguição continuasse? Quais seriam as manchetes se esse cidadão descontrolado fugisse daquele cerco e matasse uma família ? Uma mulher grávida? Uma criança? Um idoso? Quais seriam as manchetes se ele, ai invés de ferir, tivesse matado um policial, um pai de família que estava trabalhando?”, concluiu Dalledone.

 

 

 

 

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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