Brasil

Mulheres que enfrentaram câncer de mama mostram que existe vida além da doença

O câncer de mama ainda é o tipo da doença que mais mata mulheres no Brasil. Por isso, todo ano, a campanha Outubro Rosa busca alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce desse tipo de patologia.

A ação mostra ainda que, apesar de toda a aura negativa que cobre a doença, existe muito mais vida e superação durante e após as etapas de tratamento do câncer. A maquiadora Michele Jamcoski, de 38 anos, é um grande exemplo disso. Como é adotada e não conhece o histórico da família biológica, ela pediu para o médico incluir o exame de mamografia no preventivo anual. Foi assim que, há quatro anos, ela descobriu que tinha um tumor na mama.

“O primeiro médico, do posto de saúde, não quis atender ao meu pedido porque eu não estava no grupo de risco. Diante dessa negativa, eu fui até uma ginecologista, que me encaminhou para o exame. Na hora, eu fiquei com bastante medo por causa dos meus dois filhos… A gente sempre pensa que tudo vai mudar”, disse Michele em entrevista à Banda B.

Após o diagnóstico, a maquiadora passou por uma cirurgia para retirar o tumor, que tinha 1 cm. “Ele era bem pequeno e eu descobri no começo, então não precisei retirar a mama. Depois, fiz algumas sessões de rádio e quimioterapia. Desde o começo, os médicos me disseram que se eu fizesse o tratamento certinho, as chances de cura seriam altas”, completou.

Segundo ela, o tratamento não foi fácil, mas tudo valeu a pena no final. “Você tem sintomas depois da quimioterapia, se abate, mas todo dia é uma vitória. Eu agradeço a Deus por estar viva, por ter conseguido vencer. A minha vontade de viver hoje em dia é muito grande, justamente por causa do câncer”.

“Eu não amaldiçoo o câncer”

A visão de mundo da jornalista e palestrante Vanusa Vicelli, de 48 anos, também mudou completamente depois que ela lutou contra o câncer de mama. Ela se considerava relapsa com a saúde quando descobriu a doença há dois anos, de forma inesperada.

“Queria que todos pudessem ver a vida com os meus olhos, sem passar pelo o que passei”, disse Vanusa Vicelli. (Foto: Reprodução/Facebook)

“Todos os anos eu ia no médico, mas não fazia a mamografia, ou porque não dava, ou porque perdia a guia do exame… Tudo de forma inconsciente. No fundo, eu tinha aquela sensação de que aquilo nunca aconteceria comigo. Até que um dia eu estava deitada e senti uma ardência no seio. Isso não era um sintoma nem nada, mas fez eu colocar a mão ali. Nisso, pressionei o local e encontrei o nódulo”, contou. Para se tratar, ela fez 16 sessões de quimioterapia, cirurgia, radioterapia e começou a tomar remédio, que usa até hoje.

O descobrimento e a cura da doença fizeram a diferença na vida de Vanusa. “Eu posso não ter mudado de cidade, não fui morar na praia, mas tenho outra maneira de ver o mundo. Sou mais tranquila, menos estressada, e entendo que é normal ter problemas, mas eles não me impedem de ser feliz. Em momento algum eu amaldiçoo o câncer, na verdade, agradeço por tudo o que vivi por causa dele. Queria que todos pudessem ver a vida com os meus olhos, sem passar pelo o que passei. Dê valor ao que tem valor, se autoconheça, não gaste energia com o que não é importante”, finalizou.

Mas, afinal, o que é o câncer de mama?

O câncer de mama responde por cerca de 28% dos novos casos desse tipo de doença a cada ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Ele também acomete homens, mas é mais raro, representando apenas 1% do total de diagnósticos.

Mas, afinal, o que é o câncer de mama? Segundo a ginecologista e mastologista do Hospital Erasto Gaertner, Karina Furlan Anselmi, essa doença nada mais é do que um erro genético. “O corpo humano tem mais de 25 mil genes trabalhando o tempo todo. Em algum momento, as células se reproduzem de maneira errada, causando os tumores”, explicou.

De acordo com ela, quanto mais nova a mulher, menos chances ela tem de desenvolver o câncer de mama. Por isso, a mamografia deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos de idade. Além disso, no entanto, outros fatores aumentam o risco do desenvolvimento de tumores.

“As mulheres que já têm histórico na família precisam ficar mais atentas. Podem ser casos de irmãs, mãe, e não só câncer de mama, mas também de ovário, e até os que acometem os homens… Outros fatores de risco são mulheres que tiveram filhos depois dos 30 anos, que não amamentaram ou fizeram terapias hormonais. O uso diário de álcool e a obesidade também aumentam as chances de contrair a doença”.

Diante de tudo isso, uma opinião é unânime: a prevenção é fundamental para aumentar a possibilidade de cura. “Além da mamografia, o autoexame é muito importante, principalmente após o período menstrual. Nódulos, deformidade no seio, inversão do mamilo são alguns dos sinais de alerta. Lembrando que, em caso de lesões menores de 1 cm, apenas exames de imagem podem diagnosticar a doença”.

Tratamento

O tratamento do câncer de mama depende dos tipos de tumores e em qual estágio eles foram descobertos. “A doença varia muito de paciente para paciente. A pessoa pode receber bloqueador hormonal, fazer quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. Geralmente, quando o diagnóstico é precoce, o tratamento cirúrgico é o mais indicado e, depois, decidimos qual serão os próximos passos. Hoje, trabalhamos também com medicamentos que têm como alvo apenas as células do tumor, diferente dos outros métodos. O importante é entender que, quanto mais cedo se descobre, menos intervenções serão realizadas na paciente”, comentou a médica.

Apoio psicológico

Além do tratamento contra o câncer, as mulheres precisam de apoio psicológico e dos familiares para encarar todas as dificuldades. Para muitos, o diagnóstico ainda é encarado como uma sentença de morte, o que fragiliza ainda mais quem luta contra a doença.

“Quando a paciente recebe a notícia, a família recebe junto. A própria descoberta pode ser muito impactante e, mesmo que as pessoas tenham mais informações sobre o câncer, ele ainda é carregado de fantasias, medos, e é relacionado à morte e ao sofrimento. Nós trabalhamos para desmistificar essa ideia, mostrar que todo o processo pode ser diferente, porque a forma com que o tratamento é encarado influencia muito”, disse o psicólogo do Valencis Curitiba Hospice e do Hospital Erasto Gaertner, Ronny Kurashiki.

Segundo ele, o pensamento positivo tem poder diante das dificuldades. “Com ajuda, a pessoa se sente mais segura e acolhida. Ela vai olhar de forma diferente para o sintoma, se cuidar mais, ter ânimo para se alimentar e ir nas consultas. A psicologia não tem as respostas prontas, nós trabalhamos com as histórias da paciente, que tem as suas próprias soluções. O que nós fazemos é andar de mãos dadas com ela, a guiando por esse caminho”, concluiu.

 

BANDAB

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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