
Entre as obras previstas no contrato de concessão firmado com a Via Araucária está a duplicação da PR-423, importante ligação entre os municípios de Araucária e Campo Largo. A intervenção, prevista para o terceiro ano de contrato — ou seja, em 2027 —, consta no Plano de Exploração da Rodovia (PER), documento que orienta as obrigações da concessionária.
Apesar de ser uma obra estratégica para o desenvolvimento da região, o projeto apresentado pela Via Araucária traz impactos preocupantes para moradores e comerciantes de Araucária. Isso porque o traçado previsto isola bairros inteiros ao suprimir acessos históricos e consolidados da cidade. Um dos exemplos mais críticos é o fechamento do cruzamento na altura do monumento do parafuso, no bairro Estação.
Atualmente, a rótula próxima à rua Jeronin Durski permite o tráfego entre os dois lados da PR-423, com acesso à rua Gabriel Campanholo. O local é essencial para a mobilidade da região, sendo rota de duas linhas de ônibus do transporte coletivo municipal que atendem, diariamente, cerca de 7 mil passageiros.
Além disso, a região abriga dezenas de comércios consolidados e diversos equipamentos públicos, como escolas, unidades de saúde e centros de educação infantil. Caso o projeto siga como está, o acesso a esses serviços será comprometido, com impactos diretos na rotina de milhares de moradores.
A Prefeitura de Araucária, ciente dos riscos, já discute o assunto com a Via Araucária. O prefeito Gustavo Botogoski (PL) e técnicos da Secretaria Municipal de Planejamento (SMPL) têm buscado alternativas que minimizem os transtornos. No entanto, até o momento, a concessionária não demonstrou disposição em revisar o projeto.
Uma das soluções propostas pelo município é a construção de um viaduto na rua Boleslau Wzorek, que permitiria a travessia entre os dois lados da rodovia. A sugestão foi encaminhada à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão responsável pela regulação do contrato de concessão. Ainda não houve resposta oficial.
Enquanto isso, cresce a preocupação entre os moradores da região, que veem no projeto uma ameaça à mobilidade, à economia local e ao acesso a serviços essenciais.