
A bancada de oposição na Assembleia Legislativa apresentou ontem à liderança do governo na Casa uma nova proposta de reajuste salarial para o funcionalismo público estadual – na tentativa de encontrar uma saída para o impasse entre servidores e Executivo -, em especial os professores, cuja greve já dura 35 dias. Pela nova fórmula imaginada pelos deputados, o governo pagaria R$ 3,45% de aumento em outubro, e outros 4,56% em dezembro, zerando ainda em 2015 as perdas inflacionárias de 8,17% do período.
Na semana passada, o Fórum das Entidades Sindicais (FES) e a APP-Sindicato rejeitou proposta do governo que previa o pagamento de 3,45% divididos em três vezes entre setembro e novembro deste ano, e outros 8,37% em janeiro de 2016, além da mudança da data-base do funcionalismo de maio para janeiro.
A nova proposta tem a vantagem de atender algumas das exigências dos servidores – a de que as perdas inflacionárias de maio de 2014 a abril de 2015 sejam zeradas ainda este ano. E a manutenção da data-base em maio.
O líder governista na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) disse que levou a proposta ao governador Beto Richa (PSDB), que ficou de analisá-la. “Estou esperançoso. O governador reafirmou o desejo de encontrar uma solução”, disse ele, afirmando que uma nova reunião aconteceria, ainda na noite de onte, com secretários da área econômica, e uma resposta ou uma contraproposta deveria sair até hoje. O problema é saber se o governo vai aceitar essa ideia, já que até a semana passada o discurso é que a inflação só poderia ser zerada no ano que vem porque não haveria para pagar o reajuste agora. “Obviamente tem que ser analisada a capacidade de pagamento do Estado, que tem uma situação financeira muito difícil”, avaliou, dizendo que o impacto da nova proposta nos cofres do Estado este ano seria de R$ 108 milhões.
O peemedebista confirmou que nada será votado até que haja alguma possibilidade de acordo. “Não adianta os deputados fazerem emendas ou o governo mandar um novo projeto, enquanto elas não forem aprovadas pelas as assembleias dos servidores”, explicou Romanelli, que hoje deve se reunir com o Fórum das Entidades Sindicais (FES) para discutir o assunto.
O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), disse que não vai colocar nenhuma proposta de reajuste salarial do funcionalismo – incluindo de outros poderes, como Tribunal de Justiça e Ministério Público – até que haja um acordo entre o Executivo e o funcionalismo estadual. Tanto no caso do TJ como do MP, a previsão é de reajuste de 8,17% com pagamento retroativo a maio.
Rápida
Pressão
Enquanto não há acordo, os servidores mantêm a pressão sobre os deputados para que a Assembleia não aprove a proposta apresentada pelo governo na semana passada. Manifestantes promoveram vigílias em frente a residências de parlamentares governistas, como o presidente da Assembleia, Ademar Traiano; Alexandre Curi (PMDB), em Curitiba, e deputados do interior do Estado. Eles também ocuparam as galerias do plenário do Legislativo na sessão de ontem, gritando palavras de ordem pela reposição.
Do outro lado, o governo iniciou processo de contratação de professores temporários, para substituir os grevistas. “Não adianta o governo colocar mais ‘lenha na fogueira’. É preciso que se apresente uma proposta plausível que dê para negociar”, disse o líder da oposição, deputado Tadeu Veneri (PT).
Bem Paraná