Brasil

Para compensar queda no preço do combustível, impostos devem subir, diz ministro

Para acomodar a redução do preço do diesel até o fim do ano, o governo deverá aumentar tributos e cancelar benefícios fiscais. Terá que cortar, ainda, R$ 3,8 bilhões em despesas do Orçamento.

O governo se comprometeu com os caminhoneiros a reduzir o combustível em R$ 0,46 por litro, valor equivalente aos tributos federais que incidem sobre o diesel. Segundo o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, a redução ocorrerá em duas frentes.

A primeira é a redução efetiva de tributos. Como está sendo executada no meio do ano, ela precisa de medidas compensatórias; ou seja, alta de outros impostos ou redução de benefícios fiscais.

Guardia explicou que o governo irá zerar a Cide (Contribuição sobre a Intervenção de Domínio Econômico) e reduzir o PIS/Cofins sobre o diesel. As medidas terão impacto de R$ 0,05 e R$ 0,11 no litro, respectivamente.

A redução dos tributos custará R$ 4 bilhões até o fim do ano e, segundo prevê a Fazenda, será parcialmente compensada pela reoneração da folha de pagamentos. Mas já é evidente, para o governo, que o valor “não cobre a conta”.

Pelo projeto em tramitação no Senado, a reoneração geraria R$ 3 bilhões em 12 meses. Como estamos quase em junho e, para entrar em vigor, seria necessário cumprir noventena, a arrecadação em 2018 será inferior a esta cifra.

Para cobrir a diferença, o governo cogita recorrer ao aumento de impostos, fazendo com que o desconto no diesel seja pago pelos demais contribuintes. Outra alternativa em estudo é a eliminação de benefícios fiscais, mas esses incentivos são amparados em leis aprovadas no Congresso, e sua retirada não é tarefa simples na negociação política.

O ministro não quis antecipar quais tributos ou benefícios serão alterados. Ele disse que, antes disso, precisa aguardar o desenho final do projeto de reoneração a ser aprovado, para saber de quanto será necessário para cobrir a diferença.

“Não posso reduzir o imposto de um tipo de consumidor sem que alguém pague essa conta, isso está na Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou. “Isso não é aumento de impostos. Haverá aumento para alguém, sim, como contrapartida de uma redução para outros.”

A segunda parcela da redução do preço do diesel ocorrerá por meio da criação de um subsídio de R$ 0,30 por litro. Foi a saída encontrada para dar um desconto maior no preço do combustível sem compensar noutros tributos.

Com o subsídio, o governo prevê gastar R$ 9,5 bilhões até o fim do ano. Além da Petrobras, empresas que vendem diesel importado serão ressarcidas pelo desconto de R$ 0,30 no valor do combustível.

Para financiá-lo, o governo enviará um pedido de crédito extraordinário ao Congresso. A ideia é usar R$ 5,7 bilhões da reserva de contingência do Orçamento e bloquear R$ 3,8 bilhões em despesas previstas em outras áreas.

“Estamos ao longo do dia trabalhando para selecionar as despesas cujas dotações serão canceladas para fazer frente à subvenção”, disse Guardia.

O subsídio servirá para ressarcir as empresas por altas nas cotações internacionais do petróleo e do dólar. Pelo acordo com os caminhoneiros, o preço do diesel será atualizado uma vez por mês, e não mais diariamente. Nos primeiros 60 dias, o combustível ficará congelado.

O repasse efetivo do corte de R$ 0,46 será fiscalizado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, e pelos consumidores, segundo Guardia.

“A redução via subvenção e via impostos não pode ficar pelo caminho. Tem que garantir que chegue ao consumidor”, disse. “Alguém tentar se apropriar [da margem] com a situação que estamos vivendo hoje é algo complexo, vai exigir muita fiscalização”.

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos. A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo. Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.