Todos os sábados, presos da operação Lava Jato estariam fazendo sessões de podologia dentro do Complexo Médico Penal, na cidade de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Além disso eles também teriam outros privilégios, como acesso aos processos, alimentos especiais e produtos de higiene. De acordo com a denúncia recebida pelo Paraná Portal, oito presos seriam atendidos a cada sábado. Cada sessão, que seria feita em uma sala especial, longe das celas, teria a duração de 1h 30min , ao custo de R$ 250,00.
O Paraná Portal teve acesso ao telefone de uma das podólogas que supostamente faz o atendimento. Ao ser questionada sobre a prestação do serviço ela ficou assustada e disparou: “Como vocês souberam disso?”. “Confirma então”, perguntou a repórter. “Eu não confirmo nada”, respondeu e desligou o telefone. Na clínica em que a profissional atende, a agenda foi fechada aos sábados, possivelmente para os atendimentos dentro do Complexo Médico Penal. “Ela recebe R$ 2 mil reais a cada sábado, passa o dia lá, diz que faz o pé do Renato Duque, do Fernando Baiano, do Pedro Correia e de outros figurões”, revela uma colega que pediu que sua identidade fosse mantida em sigilo.
A reportagem do Paraná Portal também conversou com um agente penitenciário que confirmou que outros presos estariam denunciando privilégios a investigados pela Lava Jato. Por medo de represálias, ele preferiu não se identificar, mas afirmou que teria acontecido uma reunião no alto escalão da unidade para tratar do assunto.
Entre os 18 presos da Lava Jato, estão o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e três ex-deputados: André Vargas, Pedro Correa e Luiz Argolo, além do ex-ministro José Dirceu, transferido nesta quarta-feira (02).
Por telefone o diretor do Depen, o Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo, informou que uma equipe da corregedoria passou a tarde no CMP para apurar as denúncias. A assessoria da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) negou o tratamento diferenciado aos internos da Lava Jato, mas admitiu a entrada de profissionais de podologia na unidade para atender o ex-deputado Pedro Correia. O atendimento estaria sendo feito por indicação médica e com autorização judicial. Segundo a Sesp, a entrada de documentos, processos e alimentos especiais no Complexo Médico Penal depende de autorizações judiciais. O acesso aos processos foi concedido pela justiça para evitar que os advogados aleguem cerceamento de defesa. Ainda segundo a assessoria, os alimentos especiais também foram liberados para alguns presos que têm restrições alimentares por motivo médico ou religioso. A Secretaria enviou cópias das autorizações judiciais concedidas para a entrada dos alimentos especiais (diet, com fibras e sem glúten), mas até a noite desta quinta-feira não havia encaminhado as autorizações judiciais referentes às sessões de podologia solicitadas pela reportagem.
Paraná Portal