Quatorze anos depois, um grupo de oito skinheads começa a ser julgado pelo Tribunal do Júri de Curitiba, nesta quinta-feira (1), pelo espancamento de duas pessoas na região da Praça Osório. Os crimes aconteceram em setembro de 2005. Na ocasião, as vítimas, um homem negro e outro homossexual, foram vítimas de crime de ódio pelo grupo. As vítimas não se conheciam até então e as agressões teriam acontecido com cerca de duas horas de diferença entre elas.
De acordo com o promotor Lucas Cavini Leonardi, vários cartazes de exaltação à raça branca foram colados na época, o que intensificou a apuração contra eles. “Há um vasto material apreendido que comprova que todos os acusados eram skinheads neonazistas, que pregavam a ideologia imposta na Alemanha na década de 1930. E, na ocasião, eles tinham essa doutrina que prega o racismo contra negros e judeus, a homofobia e preconceito contra pessoas com deficiência”, explicou.
Entre os oito denunciados, todos respondem por associação criminosa e crime de racismo. Já outros, respondem também pela tentativa de homicídio contra os dois.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Renan Lopes Lúcio foi vítima das agressões por volta das 5h15 de 18 de setembro de 2005. Duas horas depois, o grupo atacou Willian Cezar Martins Cardoso.
Hoje com 33 anos, Willian é a única das duas vítimas que ainda está viva, mas sofre com as consequências das agressões. Entre elas, estão problemas para falar e o uso de medicamentos controlados por anos. Ele deve ser uma das primeiras pessoas ouvidas no júri desta quinta.
À reportagem, ele contou que saía de uma balada LGBT quando foi cercado pelo grupo. “Eu estava seguindo para pegar um ônibus, quando fui cercado por cinco homens e uma mulher. Um deles conseguiu me perfurar no abdômen, mas mesmo assim consegui pedir ajuda no módulo da Polícia Militar. O que espero agora é apenas justiça”, afirmou.
Expectativa
Para Leonardi, a expectativa é de condenação. “Que as pessoas sejam responsabilizadas, cada qual por sua conduta praticada, e o Ministério Público espera que a sociedade dê uma resposta séria e contundente sobre os crimes praticados”, concluiu.
Inocentado
Em setembro de 2014, a 1ª Vara do Tribunal do Júri absolveu Eduardo Toniolo Del Segue, que era acusado de dupla tentativa de homicídio, associação criminosa, racismo e difusão de material ideológico nazista. O júri desclassificou os delitos de tentativa de homicídios qualificados para lesões corporais e o juiz extinguiu a punibilidade pela prescrição.