Na semana passada, moradores de Curitiba se chocaram com o surto psicótico de um ex-policial militar aposentado. O homem, de 60 anos, atirou mais de 60 vezes dentro da casa em que morava com a família, no bairro Mercês, em Curitiba. Ele manteve quatro familiares presos dentro do imóvel e só foi retirado do local por policiais após mais de quatro horas de negociação, no fim da noite da última segunda-feira (7). Por mais chocante que possa ser, casos assim têm crescido no Paraná. Nesta segunda-feira, por exemplo, mais um caso de policial com problemas psicológicos e psiquiátricos chamou a atenção: ele ameaçava se matar dentro do próprio carro, mas se entregou à polícia horas depois.
“Os policiais têm problemas de saúde e não há amparo psicológico dentro da PM. Os profissionais procuram atendimento por fora, pegam atestado médico particular e esses documentos não são homologados na junta médica. Caso o policial seja reincidente, ele pode ser preso por desobediência ou deserção”, afirma o presidente da Apra-PR.
A advogada da APRA, Vanessa Fontana, classifica como ilegal a normativa da Corregedoria da PM. “Ela é ilegal porque tolhe o direito do policial de cuidar da sua saúde. Está previsto que o policial, após 15 dias de atestado, precisa se apresentar na juta médica”, explica. “Mas a normativa 005 criminaliza a saúde do policial, pois mesmo que ele não esteja em condições, ele se vê obrigado a voltar ao serviço, com farda e armamento. Isso não tem cabimento”, lamenta Fontana.
Marcelo Von Der Heyde, médico psiquiatra e vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria, avalia os problemas sofridos por militares. “Neste meio, eles estão sujeitos ao stress crônico, que é relacionado à depressão e ansiedade, e ao stress agudo, devido a grande frequência de situações graves em sua rotina”, analisa.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar do Paraná sobre o assunto, e espera uma resposta sobre as críticas apresentadas pela associação que representa soldados da Polícia Militar do estado. O espaço continua aberto.
Banda B