O técnico da empresa de impermeabilização Impeseg, Caio Santos, deverá ser ouvido pela polícia nesta quinta-feira (18). Será o primeiro depoimento de Caio desde a explosão no apartamento no bairro Água Verde, em Curitiba, no dia 29 de junho, que provocou a morte de um menino de 11 anos. A explosão provocou graves ferimentos no funcionário e também no casal dono do apartamento.
O depoimento deve acontecer no Hospital Evangélico Mackenzie, às 10 horas, e sem os advogados que até então o acompanhavam. Os defensores Mauricio Zampieri e Leandro Veloso foram substituídos por outro advogado na véspera do depoimento por decisão do técnico. O motivo da troca não foi informado.
A expectativa é que Caio Santos não assuma ter sido o responsável por alguma eventual falha que tenha provocado a explosão. Em áudio enviado por Caio ao seus advogados, dias após a tragédia, ele apontava nesta direção. “Vi as entrevistas e reportagens e pode ficar tranquilo doutor. Pode montar a defesa e é o seguinte doutor: eu não tinha ciência de nada mesmo. Pô, palhaçada… estão querendo me incriminar… agora não consigo falar direito doutor, mas quando estiver apto chamo pra gente conversar”, disse Caio em áudio que a reportagem teve acesso, de dentro do hospital.
Acendeu o fogão
Em depoimento à Polícia Civil, na tarde de terça-feira (16), a dona do apartamento, Raquel Lamb, de 23 anos, afirmou que a explosão aconteceu logo após ela acender o fogão a gás do apartamento. A jovem prepararia um Nescau para o irmão, Mateus Lamb, de onze anos, que morreu após ser lançado do sexto andar do prédio. Raquel e o marido, Gabriel de Araújo, de 23 anos, permanecem internados, assim como o ´tecnico Caio santos, de 30 anos.
A advogada que representa o casal Raquel e Gabriel, Rafaela Munhoz da Rocha Lacerda, contou à Banda B que a atitude da cliente foi fruto de desinformação, já que não houve orientação prévia pela empresa de impermeabilização de sofás. “Não houve nenhum tipo de orientação sobre os riscos. Ela comentou que o irmão acordou e pediu o Nescau e, quando ela foi preparar, ligou o fogão. Este foi o estopim para a explosão, com a causa sendo o produto”, descreveu.
Segundo Rafaela, a empresa foi contratada por meio de pesquisa na internet. “O Gabriel pesquisou por rede social e internet. Os dois perderam o celular na explosão, mas o dele foi resgatado e mostram mensagens em que ele pede orientações sobre o procedimento e a empresa não fala nada de riscos. Além disso, mentiram que usariam um produto importado, o que não é verdade”, destacou.
Contato entre o casal
Internados e tratando infecções, Raquel e Gabriel, que casaram há pouco tempo, não têm previsão de alta. Eles ainda não tiveram contato, mas já conversaram por telefone. “Estão muito abalados, porque toda a situação é muito difícil. Só se falaram por telefone, mas um dia a Raquel passou de maca e a enfermeira parou na porta do quarto do Gabriel, quando ela deu um ‘tchauzinho’ pra ele”, descreveu.
Investigação
Responsável pela investigação do caso, o delegado Adriano Chohfi, da DEAM (Delegacia de Explosivos, Armas e Munições), afirmou que o depoimento do casal foi esclarecedor. “Alguns pontos ainda obscuros na investigação foram esclarecidos, como o que deu o ‘start’ para a explosão, que foi a questão do acendimento do fogão, já que não houve nenhuma orientação prévia”, disse.
Nesta quinta-feira, o técnico de impermeabilização que fazia o serviço, Caio Santos, será ouvido no Hospital Evangélico. “Além dele, ainda faltam dois funcionários da empresa serem ouvidos. Também aguardamos o laudo pericial sobre a explosão, que está sendo feito. Com base nisso, vamos finalizar o inquérito e levar ao Ministério Público”, salientou.
Outro lado
A reportagem manteve contato com o advogado da Impeseg e aguarda retorno.