Curitiba, a terra da Lava Jato, teve o maior número de manifestantes da história ontem, com 200 mil pessoas participando do protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff, segundo a Polícia Militar. O número mais que dobrou se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 85 mil pessoas foram às ruas. As faixas e os gritos de ordem dos manifestantes pediam também o fim da corrupção, investigação e prisão dos envolvidos nos escândalos apurados pela Polícia Federal, entre eles o ex-presidente Lula. Um protesto pacífico, apartidário, mas tendo Dilma e Lula como alvos certos, e sem sujeira pelas ruas.
A concentração foi na Praça Santos Andrade, onde o movimento começou cedo. Cidadãos sozinhos ou acompanhados por suas famílias e amigos, exibindo no peito, nos carros e nas bandeiras as cores da bandeira do país. Por volta das 10h30, grupos decoravam o prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e cerca de 50 manifestantes esperavam pelo início oficial do protesto, marcado pelas redes sociais para as 14h.
Inconformismo
Na companhia do marido, filho, sobrinho e tia, a empreendedora Solange Coutinho, 33 anos, foi uma das primeiras a chegar à praça. “Não queremos mais corrupção, temos que dar um basta nisto. Queremos saúde e educação. Vim com minha família, nós apoiamos o Brasil, o juiz Sérgio Moro e a Lava Jato”, disse.
A manifestação ganhou força no início da tarde. O Centro foi tomado por gente de verde e amarelo. As pessoas caminharam em direção a Boca Maldita pela Rua XV de Novembro e também pela Rua Marechal Deodoro. “Fiz questão de trazer meu filho e toda a família, pra juntos, mostrarmos desde cedo ao pequeno, que temos força quando nos unimos”, disse Fabiane Valverde, 41, que estava com o filho de 6.
O inconformismo com a corrupção fez com que a professora Sirlei Casado Valesi, 64, saísse de casa. “Basta, o povo está cansado. Precisamos fazer nossa parte”. Já pra professora aposentada Ada Bossagno, 87, o que acontece no país é injustiça e ficar em casa, de braços cruzados, não ajudaria em nada. “A nossa presidente precisa ter grandeza, deixar o orgulho de lado, e pensar que se ela saísse neste momento, ainda seria aplaudida pelo povo. Mas ela não tem a capacidade de renunciar, então, vai ter que sair através do impeachment”.
Com apenas 17 anos, o estudante Bruno Tesche se reuniu com seus amigos. “Vim protestar contra o governo. Infelizmente, uma minoria dos jovens entende o que está acontecendo no país, pela educação que recebem em casa e pelas conversas que têm com seus pais sobre política”. O ato terminou por volta das 17h30, mas a dispersão começou antes disso.