Treze motoristas de aplicativos de carona foram mortos em crimes violentos neste ano no Paraná. O balanço foi divulgado na tarde desta quinta-feira (27) pelo Clube 5 Estrelas, uma associação formada por 400 condutores, que se uniram para lutar por mais segurança para a categoria.
Segundo o motorista de Uber Arnaldo Milky, os números colocam o Paraná como recordista em crimes violentos contra condutores de aplicativos. “Foram 10 mortes na região metropolitana de Curitiba, duas no interior do estado e uma na capital, que aconteceu ontem no bairro Pinheirinho”, disse.
O caso mencionado por Milky ocorreu durante a noite na esquina das ruas Joaquim Simões e Valentin Nichele, quando a vítima, identificada como Willian, de 34 anos, foi assassinada com tiros nas costas. A princípio, a Polícia Civil acredita que o caso se trata de um latrocínio (roubo seguido de morte).
De acordo com a associação, os assaltos já são comuns na rotina dos motoristas. “Em 2018, foram registrados de cinco a seis roubos por dia, ou seja, 2 mil no ano. E esses são os casos que foram denunciados, por isso o número pode ser bem mais alto”, completou o motorista.
Para combater a violência, o Clube realiza o monitoramento dos associados pelo rádio e botões de pânico nos carros, que acionam três pessoas ao mesmo tempo. “Nós temos as nossas ações, mas também cobramos a fiscalização das plataformas e do próprio poder público. Queremos que as blitze, por exemplo, abordem também os passageiros e pedimos para integrar o aplicativo ao sistema da Secretaria da Segurança Pública [Sesp] do estado, para cruzar o banco de dados”, completou Milky.
A advogada Danielle Martins, que representa a associação, compartilha da mesma opinião do motorista. “A Sesp tem que aprimorar os mecanismos para prevenir a morte dos condutores. Eles tentam se proteger, mas a omissão do governo faz o cidadão de bem pagar essa conta. Lamentavelmente, ontem foi o Willian”, comentou.
Momentos de terror
O motorista de aplicativo Eric Macenas faz parte das estatísticas de violência. Ele passou por momentos de terror enquanto trabalhava na capital. Há cerca de dois meses, ele foi assaltado no Centro da cidade.
“O rapaz entrou no carro e disse que o irmão dele tinha pedido a corrida. Logo em seguida ele sacou a arma, anunciando o assalto. Ele a apontou para as minhas costelas e ficou rodando pelo Centro comigo por 28 minutos”, relatou a vítima.
Ele disse que só se sentiu mais seguro porque apertou o botão do pânico e os colegas começaram a monitorá-lo. “O ladrão então pegou o dinheiro que estava comigo e saiu do carro”, finalizou.
Para Eric, outra alternativa para diminuir os crimes seria deixar disponível para os clientes apenas a forma de pagamento em cartão, encerrando a circulação de dinheiro nos veículos. Iniciativas como essa ainda devem ser discutidas com as empresas responsáveis pelos aplicativos. Novas reuniões com o estado também estão previstas para debater a segurança dos motoristas.
Banda B-28/12/2018