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Uma pessoa é feita refém em cidade francesa; suspeitos de ataque em Paris são avistados

Autoridades francesas cercaram uma pequena cidade no Norte da França com policiais antiterrorismo e helicópteros, nesta sexta-feira, depois que ao menos uma pessoa foi feita refém no local e os dois principais suspeitos pelo ataque ao jornal semanal Charlie Hebdo foram avistados.

“Temos indicações da presença dos terroristas que nós queremos pegar”, disse o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a repórteres em Paris, após uma fonte da polícia ter dito que havia ao menos um refém em uma instalação industrial de Dammartin-en-Goele.

Torre Eiffel apaga luzes como sinal de luto pelo ataque à “Charlie Hebdo”

A Torre Eiffel, um dos monumentos mais emblemáticos do mundo, apagou na noite desta quinta-feira (8) suas luzes como sinal de luto pelas 12 vítimas do atentado de ontem contra a revista satírica francesa “Charlie Hebdo”. Construída em 1889, a estrutura de ferro de 324 metros de altura, transformada no maior símbolo da França e de Paris, ficou completamente no escuro às 20h locais (17h em Brasília).

Milhares voltam às ruas de Paris para homenagear vítimas de ataque

Milhares de pessoas se reuniram novamente nesta quinta-feira (8) na praça da República, emParis, para homenagear as vítimas do atentado que deixou 12 mortos na quarta (7) na sede do jornal satírico “Charlie Hebdo“. A prefeita de Paris,Anne Hidalgo, e vários membros das forças políticas do Conselho de Paris convocaram um ato silencioso, mas as palavras de ordem não demoraram a aparecer.

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Estado Islâmico considera heróis autores do ataque ao jornal Charlie Hebdo

A estação de rádio da organização extremistaEstado Islâmico classificou como heróis os autores do ataque terrorista dessa quarta-feira (7), em Paris, contra o jornal satírico Charlie Hebdo.

Na mensagem lida durante as transmissões da rádio al Bayene, do grupo que mantém sob controle áreas territoriais da Síria e do Iraque, o locutor afirma que “os heróis jihadistas” mataram 12 pessoas e feriram várias outras “para vingar o profeta Maomé”.

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“Está em andamento uma operação agora em Dammartin-en-Goele, que está mobilizando todos os serviços na região”, disse Cazeneuve.

“Temos quase certeza que esses dois indivíduos estão cercados naquele prédio”, disse o porta-voz do Ministério do Interior Pierre-Henry Brandet à emissora de televisão iTele, nesta sexta-feira.

Dammartin-en-Goele fica a cerca de 40 quilômetros do local onda a polícia vinha procurando anteriormente os dois irmãos suspeitos na quinta-feira. É uma pequena cidade na região metropolitana de Paris, próxima ao aeroporto Charles De Gaulle, que restringiu suas operações devido ao aparato policial, como helicópteros na região.

Mais cedo, tiros foram ouvidos na cidade e uma fonte da polícia disse que as forças de segurança estavam perseguindo um veículo numa rodovia próxima, a A2.

O presidente da França, François Hollande, interrompeu nesta sexta-feira a terceira reunião de crise com os membros de seu governo devido à tomada de reféns em Dammartin-en-Goële. O gabinete de crise tinha começado às 9h (horário local, 5h em Brasília). O chefe de Estado retornou a seu escritório após ser informado do curso recente dos eventos.

Os suspeitos são dois irmãos franceses filhos de argelinos, ambos na casa dos 30 anos e que já estavam sob observação da polícia. Teriam sido eles que na quarta-feira invadiram a sede do jornal semanal de sátiras Charlie Hebdo, em Paris, e mataram a tiros 12 pessoas.
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O jornal Le Monde divulgou que um homem teria visto os suspeitos usando metralhadoras “Kalashnikovs e lançadores de foguetes.”

Um descuido dos dois teriam ajudado nas investigações. A carteira de identidade de Saïd foi perdida no carro usado na fuga logo após o atentado ao jornal e que foi localizado pela polícia francesa horas depois abandonado. Um terceiro suspeito teria participado do ataque ao Charlie Hebdo na quarta, mas ele está preso. Na madrugada dessa quinta, um homem de 18 anos de idade, Hamyd Mourad, entregou-se à polícia emCharleville-Mézières, cerca de 230 quilômetros a nordeste de Paris, perto da fronteira com a Bélgica.

Ainda na quarta á noite, a polícia divulgou fotos dos dois cidadãos franceses foragidos, dizendo que são “armados e perigosos”: os irmãos Cherif e Said Kouachi, já estavam antes sob vigilância dos serviços de segurança antes do atentado.

Nove presos

Mais de 88 mil agentes das forças de segurança pública da França estão diretamente envolvidos nas ações de vigilância, prevenção e proteção dos cidadãos, instalações e do território francês. Parte desse efetivo tenta capturar os dois suspeitos. Uma verdadeira operação de guerra foi acionada para tentar evitar novos ataques. Nove pessoas já foram presas. Fontes policiais disseram que os detidos são em sua maioria conhecidos dos dois principais suspeitos.

Cherif Kouachi, um dos suspeitos, ficou 18 meses na prisão sob a acusação de associação criminosa relacionada com uma ação terrorista em 2005. Ele fazia parte de uma célula islâmica que alistava cidadãos franceses em uma mesquita no leste de Paris para que fossem ao Iraque combater os norte-americanos. Ele foi preso antes de partir para o Iraque.

Segundo o Ministério do Interior, há 88.150 agentes estrategicamente espalhados: 50 mil policiais militares, 32 mil gendarmes (soldados de uma corporação especial encarregada de manter a ordem pública), 5 mil integrantes de forças móveis e 1.150 militares. Durante reunião do gabinete de crise interministerial, nessa quinta, em Paris, o ministro do Interior,Bernard Cazeneuve, agradeceu o empenho dos homens e mulheres mobilizados e lamentou que uma policial tenha sido morta durante tiroteio no sul de Paris, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Charlie Hebdo

O semanário Charlie Hebdo é bem conhecido por satirizar o islamismo e outras religiões, bem como figuras políticas. Militantes islâmicos vinham repetidamente ameaçando França com ataques por causa de suas ações militares em redutos de radicais islamitas no Oriente Médio e na África, o que levou o governo a reforçar as suas leis antiterrorismo no ano passado.

O primeiro-ministro Manuel Valls disse que a França enfrenta uma ameaça terrorista “sem precedentes” e confirmou que os dois irmãos eram conhecidos dos serviços de segurança. Mas ele acrescentou que ainda é muito cedo para dizer se as autoridades subestimaram a ameaça que eles representavam. “Por eles serem conhecidos, eram seguidos”, disse Valls à rádio RTL.

Sangue frio

Imagens de uma câmera durante o ataque mostram um dos agressores diante da redação do Charlie Hebdo gritando “Allahu Akbar!” (Deus é grande) enquanto tiros eram disparados. Outro caminhou calmamente até um policial ferido deitado na rua e atirou nele com um fuzil de assalto. Os dois homens, em seguida, entraram em um carro preto e fugiram.Em outro vídeos, os homens são ouvidos gritando em francês: “Matamos Charlie Hebdo. Vingamos o profeta Maomé.”

O Charlie Hebdo causou polêmica no passado com cartuns satíricos de líderes políticos e religiosos de todos os credos e também publicou numerosas caricaturas ridicularizando o profeta Maomé. Jihadistas ameaçaram o semanário na Internet, dizendo que pagaria pela zombaria.

O último tuíte da publicação zombou de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo Estado Islâmico, que tomou o controle de grandes áreas do Iraque e na Síria e fez um chamado para ataques de “lobos solitários” em solo francês. Por toda a França dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestações improvisadas e vigílias na quarta-feira à noite, em memória das vítimas – entre as quais alguns dos mais proeminentes e amados cartunistas políticos da França – e em apoio à liberdade de expressão.

O ataque

Os terroristas chegaram pouco depois das 11 horas locais (7 horas em Brasília) à sede do Charlie Hebdo. Eles estavam mascarados e com fuzis AK-47. Chamaram pelo nome os chargistas e colunistas do jornal e dispararam contra eles.

Ao deixarem o prédio, um deles executou um policial na rua. Durante a fuga, teriam gritado “Alá é grande” e “vingamos o profeta”, o que é considerado uma alusão à publicação pela revista de caricaturas de Maomé. Eles fugiram em um Citroën C1 de cor preta, que abandonaram em seguida. O policial Rocco Contento descreveu o interior do prédio como uma “carnificina” após o ataque.

Testemunhas disseram ao canal de notícias francês iTELE terem visto o incidente a partir de um prédio próximo no coração da capital francesa. “Cerca de meia hora atrás dois homens com capuz preto entraram no prédio com (fuzis) Kalashnikovs”, disse Benoit Bringer à emissora. “Poucos minutos depois, nós ouvimos vários tiros”, disse, acrescentando que os homens depois foram vistos fugindo do prédio.

Vítimas

Cinco chargistas foram mortos: o diretor do Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier (conhecido comCharb); Jean Cabu; Bernard Verlhac (conhecido como Tignous); Phillippe Honoré; e George Wolinski (um dos mais conceituados quadrinistas do mundo).

As outras vítimas foram o colunista e economista do Banco da França Bernard Maris; o revisor do jornalMustapha Ourad; a psicanalista e colunista Elsa Cayat; um funcionário de outra empresa, que trabalhava no prédio, Frédéric Boisseau; Michel Renaud, que visitava o Charlie Hebdo; e dois policiais, Franck Brinsolaro (morto dentro do prédio) e Ahmed Merabet, executado na rua, quando os atiradores fugiam.

O Charlie Hebdo foi alvo de várias ameaças por causa da publicação de caricaturas do profeta Maomé e de outros desenhos controversos. Desde 2011, quando a sede da revista foi alvo de ataque à bomba horas antes de uma edição com uma charge do profeta Maomé ir às bancas, Stéphane Charbonnier andava com escolta de um policial.

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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