
O Brasil enfrenta desafios distintos na acolhida de imigrantes em suas cinco regiões, conforme aponta o mais recente relatório do Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra). O levantamento, intitulado “As Dinâmicas Migratórias nas Macrorregiões do Brasil”, apresenta análises detalhadas do período entre 2022 e o primeiro semestre de 2024 e será integralmente divulgado na próxima semana.
As informações foram compartilhadas em um evento no Ministério da Justiça nesta quarta-feira (18), Dia Internacional dos Migrantes. Segundo o professor Leonardo Cavalcanti, da Universidade de Brasília (UnB), que participou do lançamento, os dados baseados em evidências são fundamentais para a formulação de políticas públicas mais eficazes e adaptadas às especificidades de cada região.
Diferentes dinâmicas regionais
O relatório destaca que a forma como imigrantes acessam o mercado de trabalho, as escolas e os benefícios sociais varia amplamente entre as regiões brasileiras. Informações do Cadastro Único (CadÚnico), da Polícia Federal e de outros órgãos foram utilizadas para compreender melhor esses processos.
Na Região Norte, por exemplo, que é a principal porta de entrada para imigrantes como os venezuelanos, há maior vulnerabilidade em relação ao acesso a benefícios e políticas públicas. Segundo Cavalcanti, essa precariedade faz com que muitos imigrantes permaneçam por pouco tempo na região.
Já no Sul e Sudeste, regiões que concentram um maior número de trabalhadores estrangeiros, o mercado de trabalho absorve principalmente mão de obra intensiva, como nas indústrias de abate de aves e suínos. No Sudeste, entre 2022 e 2023, houve um aumento de 10,4% no número de trabalhadores imigrantes, chegando a 87,5 mil no primeiro semestre de 2024.
Desafios e oportunidades
O coordenador de imigração laboral do Ministério da Justiça, Jonatas Pabis, reforça que, enquanto o Norte enfrenta desafios logísticos e de infraestrutura para acolher os imigrantes, o Sul e o Sudeste precisam garantir a integração desses indivíduos à sociedade e ao mercado de trabalho.
Fluxos migratórios recentes
As ondas migratórias mais recentes incluem haitianos, venezuelanos e, mais recentemente, pessoas vindas da África, Sudeste Asiático e América Latina. O Brasil, segundo Pabis, destaca-se como um país acolhedor, com uma legislação robusta que facilita a regularização migratória, em alinhamento com os direitos humanos.
A pandemia também intensificou a busca por oportunidades no Brasil, consolidando o país como destino de imigrantes do sul global. “A possibilidade de regularização migratória e o interesse em criar uma vida aqui refletem a identidade acolhedora do Brasil”, conclui Pabis.
O relatório completo do Obmigra será um instrumento valioso para orientar políticas públicas e reforçar o compromisso do Brasil com a integração e os direitos dos imigrantes.