Coluna - ATITUDE DO CONSUMIDOR

Por um código de serviços financeiros

Claudio Henrique de Castro

As instituições financeiras, os bancos e assemelhados não possuem praticamente nenhuma regulação dos seus serviços bancários e financeiros. Os bancos informatizaram seus serviços e transferiram aos clientes o self service, isto é, o cliente faz tudo a as máquinas apenas respondem. A automação extingui milhares de empregos e obrigou os consumidores a trabalharem para os bancos.

O telemarketing não possui limites, o disparo de correios eletrônicos e ligações telefônicas assediam milhões de consumidores. Os banqueiros têm um poder político enorme e avançam na redução e na extinção dos direitos dos consumidores. Os lucros são astronômicos às custas das altas taxas de juros, das comissões de permanência e das frequentes anistias das suas dívidas, por meio de medidas governamentais.

Os banqueiros falidos conseguem a atualização dos seus ativos e congelam seus passivos, isto é, o patrimônio se atualiza, as dívidas congelam para o calote aos credores. Nenhuma investigação do “lava-jato” atingiu ou raspou em banqueiros.

Cobram tarifas dos empréstimos, dos dinheiros que guarnecem em contas correntes e de qualquer serviço digital que uma vez implantando, tem custo zero. Os horários de funcionamento dos bancos estão cada vez mais reduzidos e com atendimento escasso, o que gera filas e humilhações dos consumidores. Antes o horário de funcionamento dos bancos era das 8h30 às 17h30, hoje das 11h às 15h e recentemente é das 10h às 14h.

O sigilo bancário dessas instituições é outro instrumento para banqueiros se furtarem de controles públicos e fiscais. O rentismo, isto é, uma economia na qual os bancos ganham bilhões, é sustentado pela dívida pública cujos papéis jamais foram auditados.

Não há financiamentos com taxas condignas para o desenvolvimento da indústria, do comércio, dos pequenos proprietários e para os trabalhadores. Os endividados são 66,5% da população brasileira. Em 2020, foram 61 milhões de brasileiros negativados.

Os banqueiros não pagam impostos sobre as suas fortunas bilionárias. A irrestrita autonomia do Banco Central foi a cereja do bolo desse banquete de privilégios legislativos que, sistematicamente, retiram direitos dos consumidores.

O capitalismo brasileiro não aceita a competição, o oligopólio dos bancos não permite abrir mão de suas amplas garantias e privilégios. Uma reforma fiscal que tribute a renda dos banqueiros está atrasada desde o Brasil colonial. Por tudo isso, é urgente um Código de Proteção aos Consumidores quanto aos serviços bancários e financeiros, que aumente em larga medida, os direitos previstos no atual Código de Defesa do Consumidor.

Fonte:

https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2021/02/25/bancos-ditam-regras-e-fragilizam-os-clientes-na-pandemia-diz-advogado/

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Claudio Henrique de Castro

Doutor em Direito (UFSC), Advogado e Professor Universitário.

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos. A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo. Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.