Araucária

Vítima de violência doméstica conta com rede de proteção em Araucária

As vítimas de violência doméstica contam em Araucária com o apoio de uma rede de proteção. São estruturas de Saúde, Educação, Assistência Social e Segurança unidas para detectar casos e dar o devido atendimento e proteção a quem precisa. O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é parte desta rede de proteção no município e faz o acompanhamento das vítimas de violência doméstica, entre outros casos de violação de direitos. Nos últimos 12 meses, o CREAS tem atendido, em média, 61 casos por mês com apoio individual ou coletivo visando dar o suporte necessário às vítimas para que elas tomem as decisões que julgam ser melhor para suas vidas.

No geral, as vítimas de violência doméstica são mulheres e o acompanhamento do CREAS pode envolver toda família, inclusive com o agressor (mediante vontade dele). Convém lembrar que o atendimento no Centro de Referência orienta as mulheres sem a necessidade de registro de boletim de ocorrência ou ação na Justiça sobre a violência em questão.

As mulheres chegam ao CREAS encaminhadas a partir de informações de diversos órgãos que compõem a rede de proteção. A Saúde, por exemplo, pode detectar sinais de agressão durante seu atendimento de rotina. A Delegacia da Mulher pode solicitar o acompanhamento para aquelas que chegam ao local para registrar a agressão. Na Educação, há casos em que os alunos relatam que a mãe sofre agressão em casa e as informações são repassadas ao CREAS. A vítima também pode procurar o Centro de Referência Especializado por conta própria.

Grupo – Muitas mulheres sofrem porque não sabem a quem recorrer para encontrar apoio. O CREAS ouve os relatos e, de acordo com a vontade delas, auxilia a encontrar soluções. O “Grupo Borboleta” é um trabalho coletivo no qual elas compartilham experiências. Os medos, a dificuldade de enfrentar o julgamento dos outros ao falar da violência que sofre, a preocupação com a autoestima são alguns dos dilemas dessas mulheres. A importância de conhecer novas pessoas, de cuidar mais de si, desenvolver seus talentos e estabelecer objetivos pessoais são outros pontos comuns nas conversas em grupo. O trabalho do CREAS não tem foco clínico; visa orientar nessa etapa de superação. “Algumas chegam aqui dizendo que pensavam que amavam aquela pessoa. Passam a ver que é possível ter outra relação ou outra forma de se relacionar com o companheiro”, explicou a psicóloga Léa Maria Ferreira, uma das técnicas do CREAS.

A percepção de que o uso da violência é algo “normal” na relação familiar e do casal, muitas vezes, pode ser explicada pela repetição do comportamento que se viu dos antepassados; da cultura de violência na qual o uso de força  (ou de outro tipo de violência) se justificaria para responder à conduta “inadequada” da vítima. Assim, para muitos, ainda é “normal” o homem agir pela força, a mulher ceder (para não sofrer as consequências) e os filhos serem “educados” com uso de violência. Apesar da violência em casa, nem todas as mulheres querem deixar seus cônjuges. Neste caso, o casal pode ser atendido pela equipe técnica do CREAS a fim de resolver o conflito familiar. Há situações em que o conflito em casa está relacionado à dependência de drogas ou álcool ou ainda a transtornos mentais de um ou de ambos. A pessoa em questão é encaminhada para acompanhamento de equipe de Saúde.

Violências – Dados do Mapa da Violência 2015 mostram que 50,3% dos homicídios de mulheres foram cometidos por familiares; em 33,2% desses casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. No Brasil, dois terços das denúncias de violência contra a mulher têm algo em comum: são praticadas por atuais ou ex-companheiros, cônjuges, namorados ou amantes da vítima.

Há outras violências que vão além da questão física (chutes, socos, puxar cabelos…) e que as mulheres precisam estar atentas. A violência psicológica pode ser exemplificada como a prática de ameaçar, humilhar, chantagear, controlar suas atitudes, isolar a pessoa da família ou amigos ou de não deixar sair de casa. A violência sexual vai além de manter relação sexual ou contato físico não desejado. Acontece também quando a mulher é forçada a se casar, à gravidez ou aborto, à prostituição, a participar de pornografia ou de usar método para evitar gravidez.

A retenção, furto, destruição de bens materiais ou objetos pessoais da vítima (documentos, roupas), controlar ou tirar dinheiro contra a vontade é caracterizada como violência patrimonial. Já a violência moral consiste em depreciar a imagem e a honra da vítima. Isso pode ocorrer por meio de boatos, falsas acusações e também em ações via internet (como divulgar fotos íntimas como forma de vingança).

Desde 2006, o Brasil conta com a Lei Maria da Penha (lei número 11.340/2006) que aumentou o rigor das punições para os casos de violência doméstica. O nome popular da lei é uma homenagem a farmacêutica cearense, hoje com 71 anos, que sofreu duas tentativas de homicídio por parte de seu companheiro. Maria da Penha ficou paraplégica por um tiro na primeira tentativa de homicídio e lutou durante muitos anos para que seu agressor fosse punido.

Violência doméstica. A quem recorrer?

Disque 181 – serviço funciona 24 horas e encaminha denúncias para investigação.
PM (190) e Guarda Municipal (153) – para ocorrências no exato momento da agressão.
CREAS – (41) 3901-5224 ou 3901-5256: para acompanhamento e apoio de equipe de Assistência Social às vítimas.
Delegacia da Mulher – (41) 3642-8156: para registrar ocorrências de violência doméstica

 

SMCS

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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