
O júri popular do casal acusado de matar o pequeno Izaque Furlan, de seis anos, teve início na manhã desta quarta-feira (24) no Fórum de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba. Ana Maria de Jesus Gouveia, com 19 anos na época do assassinato, e o marido dela, Claudinei Gonçalves Monteiro, com 43, são julgados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.
O caso aconteceu no dia 25 de agosto de 2017 na casa da suspeita, na Rua do Cedro. Izaque foi golpeado com um tijolo de concreto na cabeça até ficar inconsciente e estrangulado em seguida. O corpo dele foi encontrado dentro de uma mala, que havia sido colocada no forno da residência.
Na ocasião, Ana Maria, que cuidava de Izaque enquanto a mãe do menino trabalhava como catadora de papel, confessou o homicídio. Ela afirmou que matou a criança por ódio e vingança da mãe dele, que teriam sido motivados por discussões rotineiras entre as duas.
Além do homicídio, a babá foi detida por estelionato, já que se apropriou dos documentos do Bolsa Família e de outros benefícios que a mãe de Izaque tinha, por ele apresentar uma pequena deficiência física.
Marido alega inocência
O marido de Ana, Claudinei, também foi preso pela polícia, como coautor do assassinato. Durante o julgamento de hoje, no entanto, a defesa do réu afirmou que ele é inocente e que a jovem agiu sozinha. Já o advogado da acusada declarou que só vai se pronunciar após o júri.
Na época do crime, Claudinei já tinha passagens pela polícia por estupro de vulnerável.
O que dizem as investigações
Por outro lado, o delegado responsável polo caso, Tito Livo Barrichello, acredita que o marido teve sim participação na morte de Izaque. Segundo ele, o envolvimento do casal ficou bem claro a partir da confissão de Ana.
“Ela deu detalhes que só o assassino poderia saber, desde onde estava a arma utilizada, um pedaço de concreto redondo dentro de uma meia, e onde o corpo havia sido escondido. As investigações apontam que Claudinei foi coautor porque, após a vítima ter recebido golpes na cabeça, ele utilizou o seu conhecimento sobre nós na hora de estrangular o menino. Ele fez um nó que, ao puxar a corda, o espaço ia diminuindo e gerando sufocação do garoto, que deve ter morrido nos braços dele”, afirmou.
Agora, o delegado espera que os dois réus sejam condenados pela morte de Izaque. “A defesa está tentando exercer o seu papel, que é buscar imperfeições no trabalho da polícia, mas o mais importante aqui é que temos autores confessos, que precisam ser punidos”, concluiu.
A dor de um pai
Enquanto a Justiça decide o destino dos acusados, o pai de Izaque, Maurício da Costa Rosa, precisa lidar com o sofrimento e a dor da ausência do filho. “Eu espero que eles sejam condenados, porque eu já esperei muito tempo. A ferida não vai sarar mais, não até eu morrer, mas o Izaque continua vivo dentro de mim todos os dias. A verdade é que o estrago que essa mulher causou não será curado nem se ela ficar mil anos na cadeia”, desabafou.
Maurício é separado da mãe do menino, mas ia visitá-lo todos os dias e era muito apegado ao filho. Ele contou que a Ana cuidava dele para que a ex-mulher pudesse trabalhar. “A gente tirava o que não tinha para pagá-la e ela ficava com os benefícios sem ninguém saber. Um dia, ela instalou uma TV a cabo lá e a mãe do Izaque descobriu. Acho que por isso ela ficou revoltada e foi matar a criança. Ela vivia de roubar. No dia que ele desapareceu, eu desconfiava que ela poderia ter feito alguma coisa, talvez escondê-lo, mas nunca cometer um crime bárbaro como esse”, finalizou.
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