Coluna - ATITUDE DO CONSUMIDOR

Coluna – ATITUDE DO CONSUMIDOR: Onde fica a sede física?

Por Cláudio Henrique de Castro

Os bancos fecharam mais de mil agências no ano de 2021, isso ocasionou longas filas o que transformou a vida dos consumidores num flagelo para obter um simples atendimento.

O Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander fecharam 1007 agências.

A ideia é que as pessoas usem sua internet e suas linhas telefônicas para serem atendidas.

Ao invés de agências físicas, contrata-se uma central de atendimento com pessoal terceirizado que possui parcos conhecimentos e não domina os assuntos do negócio.

Há uma grande demora nesses atendimentos, e os custos são transferidos para os consumidores que gastam suas internets e desperdiçam seu valioso tempo.

Por outro lado, há uma sensível redução de custos dos bancos, que seguem impunes aos olhos desatentos do Banco Central e dos órgãos de defesa dos consumidores.

O resumo: tudo passa a ser virtual e os consumidores que se danem.

Há relatos de clientes que esperaram por três horas para serem atendidos, numa agência do Bradesco em Amambai (MS), informa o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC.

Existe punição pelo tempo de espera em filas em favor dos consumidores, mas na prática, ninguém reclama e a fiscalização é omissa.

Algumas empresas possuem centrais telefônicas, cujos clientes devem digitar interminavelmente números e senhas e opções, e quando o consumidor consegue ser atendido o atendente é mais perdido que cachorro que caiu de caminhão de mudança.

O calvário de enfrentar páginas da internet ou centrais telefônicas tornou-se comum para milhões de consumidores que não tem a quem recorrer para resolver questões simples e objetivas.

Na verdade, o atendimento online não consegue resolver problemas mais complexos e graves e quem mais sofre são os vulneráveis que não tem como acessar a internet ou dispor de tempo para ficar em intermináveis ligações telefônicas.

E quem não tem e-mail ou aparelho celular como é que faz?

O mundo digital causa exclusões invisíveis, como a dos idosos, dos especiais, dos sem computador e tantos segmentos que necessitam de atendimento presencial em agências físicas e não virtuais.

De outro lado, junto aos bancos e empresas há o crescimento das demissões e a precarização dos postos de trabalho.

A defasagem do direito do consumidor no Brasil cobra seu preço, o tempo maior para as pessoas resolverem seus problemas e o sucateamento do atendimento, com custos que são pagos pelos próprios clientes.

Cada minuto na fila, na espera do telefone ou na internet aumenta os lucros dos bancos e das empresas, com a redução da folha de pessoal e dos custos da sede física.

Em muitos casos o sistema de atendimento dos consumidores incorpora essa lógica online, e quem paga a conta são os consumidores do final da fila.

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Claudio Henrique de Castro

Doutor em Direito (UFSC), Advogado e Professor Universitário.

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos. A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo. Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.