Brasil

Reajuste no pedágio vai sobrar até para quem não transita por rodovias

As tarifas dos pedágios cobradas nas estradas do Paraná foram reajustadas em até 10% este mês. Mas ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o aumento não pesa no bolso da população somente quando o trabalhador ou sua família resolvem fazer uma viagem. Com a maior parte do que é produzido no Brasil sendo transportada por caminhões que circulam por rodovias estaduais e federais, muitos produtos e serviços têm seus preços impactados pelo pedágio. Para o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR) Fabiano Camargo da Silva o problema do pedágio começa pelo fato de que o modal mais utilizado no Brasil é o rodoviário que, um dos mais caros.

“O pedágio é sentido pela população de maneira direta quando a pessoa precisa pagar pela tarifa ao se deslocar a lazer ou a trabalho e de maneira indireta, já que produtos e serviços têm embutidos em seus preços o valor do frete, dos combustíveis e também do pedágio. O que é pago pelas empresas, é repassado aos consumidores”, explica Fabiano.

Sem saída

Ainda de acordo com o economista, as pessoas não têm como fugir desta espécie de imposto, já que a maioria das rodovias do país são pedagiadas. “No Paraná temos praças que cobram um valor elevado pela tarifa, o que encarece ainda mais os produtos”. Segundo dados do Dieese-PR, que acompanha a evolução das tarifas de pedágio no Paraná desde que as primeiras praças que foram instaladas em 1998, as tarifas cresceram muito mais do que a inflação. De 1998 a 2015, em média, em seis praças o aumento real (acima da inflação) das tarifas para os carros, foi de 35,13%, com destaque para as praças de Jataizinho (Econorte) com aumento de 65,74% e da BR-277 (Curitiba-Litoral) da Ecovia com aumento de 56,18%.

Produtores e empresários

De acordo com o assessor da diretoria da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Carlos Augusto Albuquerque, o pedágio caro e a falta de investimento nas estradas fazem com que produção agropecuária paranaense perca competitividade. “Temos um transporte rodoviário muito caro. Quando as rodovias foram pedagiadas, estavam sucateadas e nas reformas, a grande maioria foi feita com pista simples, o que eleva o valor do frete”. Há impacto também nas exportações. “Os produtos agrícolas são commodities, que têm seu valor fixado no exterior. Quando um produtor vende pra outros países recebe o mesmo que seu concorrente, mesmo que os custos dele com transporte sejam maiores. Assim, o produtor ganha menos e deixa de crescer. Quando a mercadoria é vendida no país, o valor do pedágio muitas vezes é acrescido ao preço final do produto”. A Faep defende a realização de novos contratos entre concessionárias e o governo, pra baixar tarifas e haver obras de duplicação.

Indústria

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) informa que o pedágio é um dos principais fatores que comprometem a competitividade do setor industrial paranaense. Além disto, segundo a Fiep, o modelo de concessões vigente no Anel de Integração, com tarifas elevadas e poucos investimentos, é nocivo aos usuários das rodovias.

Tarifas e contratos

O diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias Seccional Paraná (ABCR- PR) João Chiminazzo Neto explica que vários fatores determinados pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER) na época das licitações, influenciam o preço da tarifa. “Entre eles estão o fluxo de veículos que circulam por uma rodovia (quanto maior, mais barato é o pedágio), investimentos e obras e atendimento aos usuários, e etc. Os reajustes e as obras que deveriam ser realizadas também constam nestes contratos, que são cumpridos religiosamente pelas concessionárias. Eventuais atrasos podem ocorrer, mas nenhuma obra deixa de ser realizada”, afirma Chiminazzo Neto. Outro ponto esclarecido por ele é a diferença do valor cobrado em alguns trechos. “Acontece porque a licitação se estabeleceu em épocas diferentes, com índices inflacionários e condições econômicas diversas, entre outros motivos”.

Sobre a possível prorrogação dos contratos, Neto diz que estudos e as reuniões entre empresas e governo vêm sendo realizados. Pra ele, a renovação garantiria que as empresas que já possuem experiência pudessem seguir atuando. “As necessidade de maior capacidade das rodovias se anteciparam, mas a decisão final cabe a Presidente Dilma”.

Povão não quer conversa

O governo do Paraná quer prorrogar os contratos dos pedágios. Beto Richa solicitou ao Ministério dos Transportes que estradas federais permaneçam sob responsabilidade do estado, pra que os contratos com concessionárias, que vencem em 2021, sejam renovados. Pra isso, o governo federal exigiu redução das tarifas e rodovias duplicadas. A proposta deve ser avaliada em janeiro de 2016. Pesquisa feita pela Faep, com 2,5 mil usuários das rodovias, mostrou que 79% querem que o governo faça novo contrato com as empresas, com novas regras, duplicação e tarifa menor. Apenas 18% acreditam que é melhor o governo esperar vencer o contrato com as concessionárias, em 2022.

 

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Aécio Novitski

Idealizador do Site Araucária no Ar, Jornalista (MTB 0009108-PR), Repórter Cinematográfico e Fotógrafico licenciado pelo Sindijor e Fenaj sobre o número 009108 TRT-PR

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