Diante dos protestos envolvendo o projeto que implementa a bilhetagem eletrônica em toda a cidade e pode acabar com a profissão de cobrador, o prefeito Rafael Greca atacou o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba (Sindimoc) nesta segunda-feira (19). Em entrevista à Banda B, o prefeito afirmou que a entidade não cumpriu com suas obrigações e está tentando fazer com que ele responda por algo que já deveria ter sido feito.
“Esse sindicato, relapso com suas obrigações de requalificação de seus membros, está querendo me acusar de uma culpa que não é minha. Eles não requalificaram como prevê a convenção que eles assinaram na Justiça do Trabalho. O sindicato ganha imposto sindical, ou pelo menos ganhava até pouco tempo atrás, para cumprir essa obrigação de requalificação. As empresas também me garantiram que estão fazendo esse trabalho”, disparou Greca.
Na semana passada, o vice-prefeito Eduardo Pimentel recebeu a categoria na sede da prefeitura. Para o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, o projeto precisa ser retirado de discussão na Câmara Municipal para, aí sim, ser debatido. “Nós não podemos viver com uma faca no pescoço do cobrador, já são tantas através de assaltos e não podemos ter outra na Câmara Municipal. Então, vamos continuar nas mobilizações contra o projeto”, disse.
Modernidade
Segundo Greca, o objetivo da bilhetagem é modernizar o sistema de transporte. “Eu estou vindo de Barcelona, onde o mundo da inovação se encontrou. Não podemos condenar Curitiba a ficar prisioneira a uma arcaica gavetinha de dinheiro do tempo de bondes de mulas, que é de 1895. O mundo smart, de cartão, pede que eu zele pela segurança das mulheres, crianças, idosos e também dos cobradores de ônibus, requalificados em outras funções. O que está acontecendo é o último grito de uma coisa arcaica e agozinante, já que o dinheiro está cada vez menos presente. Não posso penalizar uma cidade para fazer a glória de um sindicato e de um vereador”, concluiu.
Protesto
Nesta terça-feira (20), às 10h, o Sindimoc realizará um protesto na Câmara Municipal, onde a categoria pedirá o apoio dos vereadores para que o projeto seja rejeitado.
Projeto
O projeto encaminhado à Câmara prevê a implantação da bilhetagem eletrônica em toda a cidade, assim como atualmente já acontece nos micro-ônibus, onde não há cobrador. O objetivo da Prefeitura de Curitiba é a alteração da lei municipal 10.133/2001, que regulamenta a exigência de cobradores nas estações-tubo, terminais de transporte e no interior dos ônibus.
Na justificativa, o prefeito Rafael Greca diz que a alteração é para “trazer maior agilidade ao transporte público”. Outro ponto citado são os constantes assaltos nos ônibus. “Os dados demonstram que os cobradores são alvo de roubos e violência, bem como o patrimônio público acaba sendo objeto de vandalismo e depredações”, diz a proposta, concluindo que a alteração reduziu em mais de 90% dos assaltos em coletivos.
As empresas de ônibus defendem a medida e garantem que a proposta dá mais eficiência ao sistema e traz mais segurança, já que retira a circulação de dinheiro de dentro dos coletivos. As empresas ainda afirmam que os trabalhadores teriam uma estabilidade de 12 meses nos empregos e podem passar por cursos de qualificação, até mesmo para continuar trabalhando no transporte coletivo.
Banda B- 20/11/2018