
A realização, neste momento, da parada de manutenção na Repar é um grande risco a saúde pública de Araucária e região. Prevista para iniciar nesta segunda-feira (12/04), o procedimento irá adicionar mais 2 mil empregados na rotina da refinaria no momento em que o Paraná está enquadrado no nível de alerta altíssimo para Covid-19.
Na sexta-feira (09/04) o Sindipetro PR e SC realizou uma live para debater a importância da greve sanitária aprovada para a Repar. Referência nas pesquisas sobre o novo cornavírus o biólogo e pesquisador do INPA, Lucas Ferrante, destacou o perigo da realização da parada manutenção neste momento. “Como a gente coloca esse número de trabalhadores em risco pra depois ter contato com as suas famílias. Então é ampliar uma disseminação viral de uma forma muito grave que tende a afetar todo o munícipio de Araucária e ao Paraná”, afirmou o pesquisador.
Ferrante disse que do ponto de vista pandêmico, aglomerar tantas pessoas é uma das piores atitudes que a Petrobras poderia ter nesse momento e classificou como uma ação dolosa. “É colocar a vida desses trabalhadores em grave risco”. A parada pode condenar os trabalhadores que pegarem a Covid à morte, mas a sequelas graves. Ele ainda explicou que essa nova variante P1, que surgiu no Amazonas, ataca principalmente pessoas entre 18 e 39 anos, colocando a classe trabalhadora em extrema vulnerabilidade. A avaliação é de que a parada de manutenção deve ser adiada e que se isso não for possível que as atividades da Repar sejam suspensas por um todo.
O biólogo que está realizando pesquisas sobre a disseminação do coronavírus destacou que o país passa por um agravamento drástico da pandemia e que a variante P1 já está amplamente disseminada nos municípios do Paraná. “Estamos conduzindo um estudo sistemático para vários municípios do Paraná, dada a grave situação. Em termos de comparação essa nova variante a P1, ela tem uma taxa de transmissão 2.0 vezes maior que a variante que deu origem a pandemia”.
Ele disse que com a realização da parada na Repar talvez seja necessário um estudo específico para Araucária e frisou que a “recomendação é de um isolamento social grave, que não se estimule a contaminação massiva”.
Ferrante afirmou que o sistema de saúde pode não aguentar o alto número de contaminados e que projeções indicam que o Brasil chegue a mais de 8 mil mortes por dia. “O sistema público de saúde não vai comportar atender esses infectados e isso vai causar um problema regional, possivelmente estadual e terá reflexo até no panorama nacional”. O pesquisador também ressaltou que o Brasil tem se tornado um celeiro mundial de novas variantes do coronavírus e que apenas nessa semana duas novas emergiram no Brasil. “Essas pessoas que estão vindo de fora para a parada de manutenção são potencialmente transmissores das novas variantes”. Ele defendeu que nesse momento se deve pautar por um lockdown nacional.