Brasil

Entenda como os incêndios em São Paulo tiveram início e o que se sabe sobre a origem das chamas

Estadão

Os incêndios que atingiram o interior de São Paulo provocaram mortes, o bloqueio total ou parcial de rodovias que cortam o Estado e restrição de atividades em aeroportos. O governo paulista decretou, na sexta-feira, 23, emergência em alguns municípios. Até o momento, três suspeitos de provocar queimadas foram presos.

Na manhã desta segunda-feira, 26, a Defesa Civil do Estado afirmou que não há mais registro de focos ativos de incêndios, mas 48 municípios permanecem em alerta máximo para queimadas.

Estradas estaduais estão liberadas e algumas escolas técnicas (Etecs) da região de Ribeirão Preto e Franca terão aulas remotas O fogo já atingiu mais de 34 mil hectares.

O governo federal acionou a Polícia Federal, no domingo, 25, para investigar possível ação criminosa. Já o governo estadual afirma não ver até agora sinais de ação orquestrada.

Veja a seguir o que se sabe até agora:

Como começaram os incêndios?

O Estado vem sofrendo com incêndios florestais que avançam pelas cidades, causando bloqueios de estradas e interrompendo operações em aeroportos. Somente na sexta-feira, 23, o Estado São Paulo registrou 1,8 mil focos de incêndio, número recorde desde os inícios das medições em 1998, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou, no domingo, a prisão de três suspeitos de atear fogo em áreas rurais da região – um em São José do Rio Preto, outro em Porto Ferreira e um terceiro em Batatais.

Na segunda-feira, ele disse que o Estado “não vai tolerar” delitos desse tipo, ao citar o caso de um detido em Batatais, que estava com um galão de gasolina e disse pertencer a uma facção. Tarcísio, porém, afirma não ver indícios de ação coordenada.

A Polícia Civil diz estar mobilizada para investigar todas as ocorrências de incêndio criminoso no Estado.

Como foram as prisões?

A primeira prisão ocorreu na manhã de sábado, 24, em São José do Rio Preto. O suspeito é um idoso de 76 anos, detido por policiais militares após atear fogo em lixo, em uma área de mata no bairro Jardim Maracanã. O homem foi denunciado por uma moradora, que presenciou a cena e acionou os agentes.

A outra prisão aconteceu na manhã de domingo em Batatais. O suspeito foi flagrado com um galão de gasolina. O homem preso tem 42 anos e faz parte de uma facção criminosa.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o Estado “não vai tolerar” delitos desse tipo, ao citar o caso do detido em Batatais. “Não me parece (ação coordenada). Tem uma estiagem muito pesada, lavouras que estavam secas, calor extremo, baixa umidade relativa do ar e muito vento Qualquer coisa pode provocar uma ignição”, afirmou ele, durante evento com empresários do setor imobiliário no Secovi-SP nesta segunda.

A terceira prisão, informada na manhã desta segunda-feira, foi registrada em Porto Ferreira. Ainda não há detalhes sobre o detido.

Quais as ações adotadas pelo governo estadual?

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou que a Defesa Civil de São Paulo instaurasse um Gabinete de Crise Emergencial. “Incêndios florestais podem atingir grandes áreas de vegetação natural. Com as rajadas de vento, o fogo pode se alastrar rapidamente”, disse o governo. Também foi enviada ajuda humanitária para desabrigados.

O governo monitorou a situação durante o fim de semana, em ação que integra a Operação SP Sem Fogo. O trabalho teve participação de técnicos da Defesa Civil do Estado e das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento e de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil). O governador sobrevoou as regiões afetadas no fim de semana.

A situação crítica levou a interdições totais e parciais de rodovias no Estado e impactam o tráfego em diferentes regiões. No momento, todas as estradas estão liberadas.

As aulas desta segunda-feira nas escolas da rede estadual estão mantidas, após avaliação da Secretaria de Estado da Educação e da Defesa Civil do Estado. As Etecs de Ribeirão Preto, Serrana, São Joaquim da Barra, Classe descentralizada de Morro Agudo, Batatais, Miguelópolis, Franca e Igarapava e na Fatec de Jaboticabal terão aulas remotas.

O governador decretou situação de emergência, por 180 dias, nas áreas de 45 municípios paulistas em razão das ocorrências de incêndios florestais entre 4 e 24 de agosto. O decreto 68 805/2024 foi publicado na edição de sábado do Diário Oficial do Estado.

Quantas pessoas morreram?

Dois homens, funcionários de uma usina em Urupês, região metropolitana de São José do Rio Preto, morreram enquanto atuavam no combate às chamas do incêndio, informou o governo.

De acordo com a Secretária de Segurança Pública, as vítimas tentavam apagar um incêndio em uma usina perto do parque ecológico da cidade quando perderam o controle do caminhão que conduziam, na Estrada Municipal Urupês-Irapuã.

O problema provocou o vazamento de combustível, que resultou no incêndio do veículo. Os dois funcionários tinham 30 e 47 anos, e eram das cidades de Irapuã e José Bonifácio, respectivamente.

O que tem feito governo federal?

As causas dos incêndios também estão sob investigação das autoridades federais.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) suspeita que os incêndios possam ter sido causados por uma coordenação criminosa, o que é objeto de investigação pela Polícia Federal (PF). Um inquérito foi instaurado ainda no domingo para apurar as causas das queimadas.

“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista coletiva no domingo, em Brasília.

“Trata-se de uma ação criminosa de quem está ateando fogo criminosamente. É uma guerra contra o fogo e contra a criminalidade”, afirmou a ministra. Atualmente, a PF está conduzindo investigações em várias regiões do Brasil para identificar os responsáveis pelos incêndios.

Ao Estadão, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a grande maioria dos incêndios iniciados em São Paulo ocorrem em decorrência da ação humana. “A parte estranha é que, de fato, as ignições aconteceram quase todas no mesmo momento. Obviamente também estava quente, baixa umidade, ventando”, disse Agostinho. “Cria uma desconfiança, mas tem de ser investigado.”

Ele também descarta participação de produtores de fazendas de cana-de-açúcar. “Acabou a queima da cana há muito tempo. E, em São Paulo, as usinas não têm mais essa prática. As usinas aproveitam a palha para gerar energia dentro da própria usina. Não faz sentido que elas tenham colocado fogo”, diz.

SP tem maior nº de queimadas desde 1998, com 3,1 mil focos em agosto

O número de focos de incêndio registrados em agosto no Estado é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram.

Nosso Dia

Receba notícias no seu WhatsApp.

Leitores que se cadastrarem no serviço serão incluídos em uma lista de transmissão diária, recebendo no celular as principais notícias do dia.

Leia também

Botão Voltar ao topo

Notamos que você possui um
ad-blocker ativo!

Produzir um conteúdo de qualidade exige recursos. A publicidade é uma fonte importante de financiamento do nosso conteúdo. Para continuar navegando, por favor desabilite seu bloqueador de anúncios.