
Militantes do PT realizaram ontem ato inter-religioso, seguido por ceia de Natal, em frente à sede da PF (Polícia Federal) de Curitiba, no Paraná, local onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso há nove meses – ele não poderá receber visitas no feriado. Ao longo do dia houve intensa programação artística. À noite, um ato político antecedeu uma celebração inter-religiosa. Em seguida, cerca de 300 militantes, segundo números divulgados pelo PT, participaram da Ceia de Natal em homenagem a Lula.
A atividade foi organizada do lado de fora da carceragem por integrantes da vigília, permanente no entorno do prédio, e contou com caravanas do Grande ABC, principalmente de São Bernardo, além de ônibus das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, em Santa Catarina. A expectativa é que novas caravanas venham para Curitiba também na virada do ano.
“Que alegria ver vocês aqui, celebrando a esperança no futuro, na luta, na organização e na resistência. Vamos fazer a luta até vermos Lula livre”, disse o deputado federal Pedro Uczai (PT-SC).
Uczai ressaltou que o povo está com Lula, que há 262 dias é preso político em Curitiba. “Lula, estamos contigo, porque você mudou a vida de milhões de pessoas, nos fez sonhar e termos orgulho de sermos brasileiros. Não vamos deixá-lo sozinho nesta noite de Natal”, afirmou.
O presidente do PT-PR, Doutor Rosinha, afirmou que, apesar de uma certa dose de tristeza, não é hora para lamentações. “Somos todos irmãos e irmãs que estamos aqui e tantos outros que não puderam estar. Somos irmãos e irmãs na mesma causa e não vamos soltar nossas mãos para buscar a liberdade de nosso irmão que está ali dentro. A História mostra que quem se organiza e luta, vence. O povo brasileiro não vai deixar Lula sozinho, como não vamos deixa-lo nesta noite”, disse.
Luiz Marinho, presidente do PT-SP, também marcou presença no Natal com Lula. “A festa está bonita, com uma energia muito boa. É bom ver a militância manter a chama da esperança, que é o que Lula representa. Lula merece nosso sacrifício, pois sempre fez sacrifícios por nós e continua fazendo”, afirmou.
Marinho deixou uma mensagem de otimismo à militância: “O momento é de dificuldades, mas isso vai passar. Assim como derrotamos a ditadura, lá atrás, vamos derrotar também esse processo de ditadura implantado com apoio do Judiciário, que dá um verniz democrático para o golpe que estamos vivendo. Se acharam que prendendo Lula ele deixaria de liderar, se enganaram. Ele continua nos liderando”, afirmou Marinho.
João Granzotto, padre aposentado, veio de Maringá participar do Natal com Lula. “O povo não deixou Lula sozinho. É isso que o sustenta e ele está tendo um testemunho disso sob sua janela. O que o está sustentando também é a esposa, Marisa, que do céu o está protegendo, dando coragem, e está orgulhosa dele”, disse.
Gleisi fala em reflexões
A presidente do PT, Gleisi Hoffman, divulgou nota em que pede reflexões:
“Chegamos nessa época do ano sempre carregados de muitas reflexões. Sobre tudo o que vivemos, os desafios que virão, mas também com muita esperança, essa nossa fiel companheira de jornada.
Nossa luta diária, por trabalho, direitos, por justiça social e pelo bem daqueles que amamos é o que nos move a fazer mais e melhor em todos os momentos da nossa vida!
Que o bem coletivo e o espírito de fraternidade sejam aquela luz que guiará a todos em direção a um futuro melhor para cada um de nós e para o nosso País.
Lula Livre!”, encerra a nota.
Desde 7 de abril
Lula está detido desde 7 de abril, no âmbito da Operação Lava Jato, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, no Litoral de São Paulo. Apesar dos movimentos de advogados do ex-presidente pela sua soltura, inclusive com habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal), ele corre risco de sofrer outra condenação no ano que vem, no processo que investiga favorecimento de empreiteiras para obras no sítio de Atibaia, no Interior.
Lideranças petistas chegaram a comemorar, na semana passada, decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, de revogar prisões em segunda instância, situação que abrangeria o caso envolvendo Lula. Algumas horas depois e diante de pressão, contudo, o presidente da Corte, Dias Toffoli, derrubou a liminar.
Banda B- 25/12/2018