
Ex-executivos da Odebrecht relataram, em delação premiada na operação Lava Jato, que funcionários da Petrobras pressionaram a UTC e a Odebrecht para que a OAS integrasse um consórcio que, posteriormente, firmou contrato para execução de obras na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. A princípio, apenas Odebrecht e UTC fariam parte do contrato, com 65% e 35% de participação, respectivamente.
O contrato foi celebrado em agosto de 2007 entre a Petrobras e o Consórcio Conpar, integrado pelas construtoras Odebrecht, UTC e OAS, com valor de R$ 1,8 bilhão. Conforme relatório de Comissão Interna de Apuração (CIA) da estatal, o contrato teve 28 aditivos, acréscimo de prazo de mais de dois anos e meio, e valor final de mais de R$ 2,5 bilhões.
Em entrevista ao G1, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, disse que as informações apresentadas na delação da Odebrecht podem dar início a novas linhas de investigação, inclusive em casos nos quais já há sentença, como no contrato da Conpar para obras na Repar, que já tem duas condenações. Assista à entrevista no vídeo acima.
“Embora já exista uma condenação em relação a determinados crimes, em relação a determinadas pessoas, as provas e informações podem revelar a participação de outras pessoas nesse mesmo crime ou a participação em outros crimes que não tinham sido descobertos”, declarou.
Propina na Repar
Segundos os ex-executivos da Odebrecht, para integrar o consórcio, a OAS ameaçou apresentar proposta individual, colocando em risco o contrato. A entrada da empreiteira no grupo foi bem vista pela Petrobras, ainda segundo os delatores.
Os colaboradores também detalharam o pagamento de R$ 35 milhões para duas diretorias da Petrobras devido ao contrato. As diretorias de Engenharia e Serviços e de Abastecimento receberam R$ 15 milhões cada uma, disseram eles. Posteriormente, outros R$ 5 milhões foram pagos a pedido da gerência de Engenharia e Serviços.
G1